Sete tendências de mobilidade para ficar de olho já em 2023
De carros elétricos aos voadores, o próximo ano será marcado por novas tecnologias, modais e no comportamento do consumidor. A mobilidade passa por profundas transformações com a chegada dos carros elétricos, novas tecnologias, modais e serviços, além de mudanças no comportamento do consumidor.
Daqui para frente, há muita incerteza e discussão sobre o caminho correto, mas uma coisa é certa: a busca é por soluções cada vez mais sustentáveis, conectadas e elétricas. Por isso, Automotive Business destacou cinco tendências de mobilidade para ficar de olho em 2023.
Cidades inteligentes e 5G
A chegada do 5G ao Brasil, agora disponível em todas as capitais, é o primeiro passo para as cidades inteligentes, com carros autônomos, conectados, semáforos inteligentes e o desenvolvimento ainda mais acelerado da mobilidade como serviço. Entenda aqui as diferenças entre 4G e 5G.
Com a internet de alta velocidade e baixa latência, os veículos poderão trocar uma grande quantidade de informações entre si para tornar o trânsito mais ágil e seguro, além de se conectarem com a infraestrutura, como semáforos e faixas de pedestres inteligentes.
A tecnologia também é fundamental para viabilizar e baratear os carros autônomos, permitindo que o processamento das informações aconteça em nuvem, não mais dentro do carro como acontece hoje. O 5G vai permitir que o piloto automático tome decisões mais rápidas e assertivas para evitar acidentes.
Além disso, a quinta geração da banda larga pode impulsionar a indústria 4.0. Segundo um estudo da Accenture, o 5G a produtividade das montadoras pode crescer até 15%. Na fábrica da Stellantis em Goiana (PE), por exemplo, um projeto em parceria com a TIM utiliza o 5G para agilizar a verificação dos adesivos finais por meio de imagens em 8K de vídeo, analytics e ferramentas de ad computing.
Carros voadores
Os eVTOLs (Veículo Elétrico de Decolagem e Pouso Vertical), popularmente chamados de “carros voadores” estão cada vez mais perto de ganhar os céus – e levar passageiros com eles. Fabricantes como Embraer, Boeing, Airbus, Azul e Gol aceleram seus projetos em parceria com montadoras e startups para desenvolver a mobilidade aérea urbana.
A Eve, empresa da Embraer para o desenvolvimento de eVTOLs, entrou com pedido de autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação), em fevereiro, para demonstrar que cumpre com os padrões técnicos internacionais e requisitos de navegabilidade aérea. A falta de regulamentação e exigências para os eVTOLs são alguns dos principais
Antes do apagar das luzes de 2022, a empresa recebeu R$ 490 milhões em financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a primeira fase do eVTOL, o que corresponde a 75% do valor dessa etapa do projeto.
Testes no RJ
Nesse ano, a Eve realizou testes de operação utilizando um helicóptero no Rio de Janeiro, o que permitiu entender melhor rotas e demandas para as futuras operações comerciais dos eVTOLs, que têm começo marcado para 2026.
Os eVTOLs da Eve não serão vendidos para consumidores finais. A ideia é que sejam operados por empresas de aviação para serem um Uber voador, em viagens de, no máximo, 20 km. Os preços vão caber no bolso. A empresa garantiu que, no futuro, as viagens de eVTOL pelo Rio custarão o mesmo que um Uber Black. Até 2035, a Eve planeja operar 245 carros voadores no Rio em 100 rotas, levando 4,5 milhões de passageiros por ano.
Outra referência em carros voadores, a Lilium Air Mobility vai aumentar sua capacidade produtiva para produzir até 400 eVTOLs. No Brasil, a Azul Linhas Aéreas já demonstrou intenção de montar uma frota de 220 eVOLTs. É uma parceria que poderá girar em torno de US$ 1 bilhão.
A Volocopter, fabricante alemã de eVTOLs, espera conseguir certificação para operar seus táxis aéreos até o segundo semestre de 2023. A empresa arrecadou US$ 352 milhões em fundos para testes do VoloCity. Com o objetivo de ganhar a certificação e iniciar viagens no ano seguinte.
Já a Suzuki firmou parceria com a startup SkyDrive para lançar o seu primeiro eVTOL na Índia. A parceria prevê pesquisa, desenvolvimento e fabricação em massa de eVTOLs para aquele mercado. O projeto é parte de um pacote de US$ 1,37 bilhão em investimentos em veículos elétricos e baterias na fábrica indiana.
Carro elétrico: você vai ter um?
Você tem um carro elétrico? Ou pelo menos já viu um nas ruas? 55% dos brasileiros conhecem a tecnologia. Mas ainda não viram de perto, segundo levantamento feito por Automotive Business em parceria com a SoluCX. Isso pode mudar em 2023. A frota brasileira de carros elétricos já soma mais de 100 mil unidades. Segundo a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), de janeiro a novembro de 2022 foram vendidos mais de 43 mil carros com algum tipo de eletrificação, 25% a mais do que todo o ano passado.
E continuará crescendo em 2023, apesar do ritmo mais lento em comparação com China, Estados Unidos e a Europa. “A perspectiva é positiva. Temos muito a comemorar, mas também nos preocupamos com os números que não avançam como no resto do mundo”, disse o presidente da ABVE, Adalberto Maluf, ao podcast Mobility Now.
Já são 112 modelos disponíveis no mercado. Sendo 31 lançamentos, incluindo modelos de entrada como o Renault Kwid e-Tech e o Caoa Chey iCar, os dois modelos mais baratos (cerca de R$ 140 mil). E vem mais por aí: em 2023 estão programados ao menos 14 lançamentos. A General Motors lançará três novos modelos: o Bolt, o Blazer e o Equinox. A Renault vai expandir sua frota de elétricos com o Megane E-Tech e a van Kangoo E-tech. Para o mercado de luxo chegam os Audi Q8 e-tron e Volvo EX90.
Carro por assinatura
Os carros por assinatura vêm ganhando espaço no mercado. Assim como os streamings de filmes e música, o carro por assinatura virou uma conveniência. Diversas montadoras, locadoras e startups oferecem os mais variados tipos de planos de carros por minutos, dias ou anos.
As montadoras entraram em peso no mercado por assinatura. Nissan, Ford, Toyota, Renault, Fiat, Jeep, entre outras já contam com serviço próprio e os resultados são positivos. Lançado em julho, o Nissan Move foi expandido duas vezes em menos de seis meses e já está presente em 20 estados de todas as regiões do país.
No caso das locadoras de veículos, a frota de empresas que oferecem o serviço cresceu 16,4% em nove meses, de janeiro a setembro de 2022, somando 106 mil veículos. O levantamento é da Abla (Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis). Nesse levantamento foi considerado apenas empresas exclusivamente de locação de veículos, não incluindo as montadoras.O carro por assinatura virou uma conveniência.
As startups também disputam o mercado. Com investimento inicial de R$ 30 milhões, a chilena Awto estreou no Brasil em setembro com frota de 200 veículos, entre SUVs, sedans, utilitários e scooters elétricas.
Frotas corporativas mais sustentáveis
Veículos elétricos se tornaram uma estratégia-chave para diminuir o impacto ambiental das frotas corporativas. A agenda ESG (sigla em inglês para Governança Ambiental, Social e Corporativa) chegou de vez no mundo dos negócios. E 94% dos profissionais do setor automotivo apontam que a pauta será definitiva a partir de agora, conforme levantamento sobre ESG feito por Automotive Business.
De olho nisso, os veículos elétricos se tornaram uma estratégia-chave para diminuir o impacto ambiental das frotas corporativas de empresas de diferentes segmentos, desde as locadoras de carros até gigantes do e-commerce, aplicativos de transporte, distribuidoras de comidas e bebidas, entre outras.
Neste ano, a locadora Unidas, por exemplo, fez o seu maior aporte para aquisição de veículos. Foram R$ 370 milhões na compra de dois mil carros 100% elétricos da BMW, Renault e Stellantis.
Aplicativos
Mas quem deve lidar a eletrificação no Brasil serão os aplicativos, segundo estudo recente da McKinsey. Até 2040, 85% dos carros por aplicativo devem ser elétricos, enquanto apenas 21% dos carros pessoais serão elétricos.
A 99, por exemplo, quer ter 10 mil motoristas dirigindo carros elétricos. Para isso, a empresa oferece incentivos para a compra de elétricos e vai criar uma categoria exclusiva para os modelos. A 99 também tem uma frota com mais de 50 carros híbridos que será expandida gradualmente.
O Ifood, em parceria com a Voltz, conta com frota de 10 mil motos elétricas exclusivas para entregadores. E também postos para a troca de baterias na rede do posto Ipiranga, na capital paulista. O Ifood tem como meta para 2025 ter 50% de entregas limpas feitas por motos e bicicletas elétricas.
Ainda limitados ao last mile, os comerciais leves e pesados não ficam de fora da eletrificação. As gigantes do e-commerce apostam alto, a Amazon tem meta ter 10 mil veículos elétricos fazendo entregas no mundo. Já o Mercado Livre conta com 550 veículos elétricos na América Latina, com 270 rodando no Brasil.
A Volkswagen entregou neste ano 140 unidades do caminhão elétrico e-Delivery para a Ambev, principal parceira da montadora para o modelo. A encomenda prevê outras 1.600 unidades elétricas para a distribuidora de bebidas. O e-Delivery também começou a ser exportado em outubro. Cinco caminhões embarcaram para o México parte da encomenda de nove veículos feito pela distribuidora de bebidas Grupo Modelo.