Stellantis lidera mercado em abril, mantém investimentos e prepara lançamentos

Antonio Filosa, COO da Stellantis para América do Sul, fala pela primeira vez depois de assumir o posto e confirma investimentos e novos lançamentos para o mercado brasileiro. O serviço de carro zero-quilômetro por assinatura tem se revelado bastante promissor no Brasil. Neste novo modelo de negócio, o foco é o cliente que não tem apego à propriedade do automóvel, que é bastante conectado e tecnológico. Para ele, o automóvel é um serviço.

 

Após um período de silêncio estratégico e programado, sem entrevistas ou declarações, o principal executivo do Grupo Stellantis para a América do Sul, Antônio Filosa, conversou com a reportagem de O TEMPO sobre o momento que a indústria automobilística brasileira atravessa. Vivemos uma fase crítica da pandemia, que começou em março do ano passado, e ainda assim a Fiat, uma das marcas da Stellantis, manteve a previsão de seu cronograma de lançamentos. Em junho do ano passado a vez foi da picape nova Strada e no último mês de maio foram renovados o Jeep Compass e a picape Toro. E para o segundo semestre é aguardada a apresentação do primeiro SUV com a marca Fiat. Recentemente o grupo Stellantis protagonizou outros dois importantes registros, o início da produção – em uma nova planta dentro do complexo do Polo Automotivo de Betim, Minas Gerais – dos novos motores que abastecerão as linhas Fiat e Jeep, no Brasil e também a comemoração da unidade de número 1 milhão, no Polo Automotivo de Pernambuco. Tudo isso em meio aos complexos processos de sinergia das marcas que formaram a Stellantis, resultado da fusão da FCA (Fiat Chrysler Automobile) e a PSA (Peugeot e Citroen).

O investimento de R$16 bilhões de reais que teve início em 2018 e se estenderá até 2024, tendo o Polo Automotivo de Betim como representante de uma maior fatia deste bolo, segue mantido e inalterado? O plano segue mantido e se estende até 2025, grande parte deste valor já foi investido, hoje já produzimos novos motores no Polo Automotivo de Betim, em Minas Gerais. Lançamos, em 2020, a picape Nova Strada, e este ano já apresentamos as linhas para 2022 da picape Toro e do Jeep Compass, até o fim do ano teremos mais um produto inédito, o SUV compacto com a marca Fiat. Outro modelo está sendo desenvolvido e será produzido no Polo Automotivo de Pernambuco, um SUV Premium com a chancela Jeep e capacidade para sete lugares. Continuamos atentos ao que acontece na economia, globalmente, e monitoramos os mercados onde o Grupo Stellantis está presente.

Que projeção o senhor pode fazer para o mercado este ano, tendo em vista o problema de fornecimento de peças que já ameaça agravar no próximo trimestre? A demanda está forte, não como era há seis anos, mas está alinhada com as nossas previsões, então se fosse depender só da demanda não teríamos problema. Mas o cenário atual nos faz reavaliar toda semana e todo mês o planejamento, não sobre a demanda e sim sobre a oferta de nossos produtos. Temos que ter muita atenção neste sentido. O mercado brasileiro deve fechar o ano com números pouco abaixo de 2,4 milhões de unidades.

Como o Grupo Stellantis trabalha as marcas francesas Peugeot e Citroen no Brasil? Nosso projeto prevê que em dois anos estas marcas voltem a marcar participação no mercado de vendas no Brasil, próximo ou superior ao que tiveram há dez anos, algo próximo a 5%.  Peugeot e Citroen são marcas de muito futuro na Stellantis e mantém presença forte em outros países da América do Sul e assim será no Brasil.

A forte retração das vendas no ano passado e todos os problemas advindos da paralisação das atividades fabris e do fechamento da rede decorrente da primeira onda de contaminação do vírus deixaram algum aprendizado que possa ser aproveitado caso a indústria tenha que voltar a conviver com uma situação simular? A experiência tornou ainda mais importante estar em conexão muito próxima com o consumidor. O consumidor está mudando. A pandemia impôs novo ritmo e novas necessidades à vida das pessoas. Estamos em sintonia com o comportamento do consumidor e suas tendências, a fim de oferecer-lhe exatamente o que precisa. Reforçamos nossos canais e práticas de venda online, implantamos rigorosos protocolos de higiene e segurança em todos os pontos de contato do cliente com nossa rede e produtos, caso ele prefira continuar a ser atendido presencialmente. Criamos canais de comunicação e uma estratégia de presença e proximidade. Se estivermos perto do cliente, vamos entendê-lo e atende-lo melhor.

Em relação ao cronograma de lançamentos para este ano de 2021, de dois novos SUVs, um com a marca Fiat, que terá produção em Betim (MG) e o outro com a chancela Jeep, é possível neste momento prever se sofrerão algum atraso em função das incertezas que vivemos? São dois lançamentos marcantes. Um deles representa a entrada da Fiat no segmento de SUVs, o que vai impulsionar o desempenho e percepção da marca de modo notável. O outro é uma extensão da gama Jeep no Brasil, com um modelo de sete lugares com máxima sofisticação que vai realmente surpreender os consumidores. Já ajustamos os cronogramas de lançamento e estamos prontos para fazê-los chegar ao mercado no segundo semestre. Estamos trabalhando com muito entusiasmo para isto.

Exatamente dois anos após o anúncio de sua construção, a planta que produz os novos e modernos motores turbo iniciou suas operações. Qual o impacto que terá esta nova linha de propulsores para as marcas do Grupo Stellantis? Estes motores poderão equipar modelos produzidos em fábricas do grupo mundo afora? Já iniciamos a produção do motor GSE T4, turbo de quatro cilindros, e ainda este ano vamos começar a produzir também o propulsor de três cilindros. Esta é uma família de motores que está fazendo muito sucesso em outros mercados e vai equipar o topo de gama de nossos veículos. Há muitas combinações possíveis e planejadas entre modelos, versões e os motores turbo, mas ainda é cedo para revelar detalhes. Quanto à exportação, ainda não planejamos destinar a família GSE a outros mercados. Temos muitos planos para eles no Brasil. Mas é importante lembrar que esta é a terceira família de motores em produção no Polo Automotivo de Betim, que é o maior centro de produção de powertrain da América Latina e um dos maiores do mundo, com capacidade superior a 1,2 milhão de motores e transmissões por ano. Em Betim fabricamos também os motores das famílias Fire e Firefly, esta última exportada em grandes volumes para o mercado europeu.

Outra marca importante e que para celebrar contou com a visita ao Brasil do CEO mundial da Stellantis, Carlos Tavares, foi o registro da produção da unidade com o emblemático número de 1 milhão na planta de Pernambuco. Já é certo que de lá sairá um novo SUV com capacidade para sete lugares, com a marca Jeep. Existem planos para construção de um modelo esportivo utilitário, maior, usando a base da picape Toro? Alcançar a marca de 1 milhão de unidades produzidas no Polo Automotivo Jeep em pouco mais de cinco anos é motivo de orgulho para todos nós. Esta é uma fábrica de nova geração, que nasceu com processos e sistemas da Indústria 4.0, que agora também estão presentes no processo de modernização da planta de Betim. Com relação à produção de modelos derivados da picape Fiat Toro, não há planos neste sentido.

Mesmo que recente sua chegada ao mercado, já é possível fazer uma balanço sobre as atividades da FLUA, nova empresa de mobilidade do grupo? Particularmente como o senhor enxerga o futuro dos carros compartilhados. Este serviço veio para ficar? Flua! acaba de completar três meses de atividade e estamos muito otimistas com os resultados. O serviço de carro zero-quilômetro por assinatura tem se revelado bastante promissor no Brasil. Neste novo modelo de negócio, o foco é o cliente que não tem apego à propriedade do automóvel, que é bastante conectado e tecnológico. Para ele, o automóvel é um serviço. Esse perfil de consumidor já existe e a tendência é de que cresça de forma exponencial no mercado nos próximos anos. Já em relação ao serviço de carros compartilhados, vejo como alternativa viável para melhorar a circulação nas grandes cidades, com destaque para os modelos elétricos.

Existe uma previsão para que a fusão entre FCA e PSA possa gerar novidades para o mercado mundial e brasileiro? Passará pelo compartilhamento de powertrain o começo efetivo desta união? Stellantis nasceu de uma visão de que o mercado automotivo passa por uma importante transformação, uma verdadeira mudança de patamar em termos de tecnologia e concepção de mobilidade. Stellantis é a resposta de dois importantes e tradicionais grupos automotivos à necessidade de investimentos maciços em novas tecnologias, que terão maior alcance devido às sinergias possíveis decorrentes da fusão. Houve também uma interessante complementaridade geográfica entre os dois grupos, de modo que Stellantis tornou-se mais forte na América do Sul, destacou sua presença na América do Norte, fortaleceu-se na Europa e ganhou músculos para desenvolver-se na China, Índia e outros mercados estratégicos. Assim, a criação de Stellantis abre muitas possibilidades criativas de produtos, powertrain, serviços, novas tecnologias e novas abordagens, na perspectiva da mobilidade sustentável.

A Stellantis, através da marca Fiat, entra com um pé no universo da eletrificação, este ano, com o lançamento do 500e, com motor 100% elétrico, ou chega logo pisando com os dois, trazendo também a versão hibrida do Jeep Renegade? A previsão de apresentação de híbridos e elétricos neste ano é bastante intensa. De fato, programamos o lançamento de Fiat 500e, com motor 100% elétrico, e a chegada de um modelo híbrido 4xe da Jeep. Também haverá novidades das marcas Peugeot e Citroën. Na verdade, 2021 será nosso ano inaugural da propulsão elétrica no Brasil. A partir destes primeiros modelos, vamos surpreender os consumidores com muitas novidades no campo da eletrificação nos próximos anos.

Fonte:  O Tempo

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