Vammo capta US$30 mi
Vammo capta US$30 mi para conquistar entregador com moto elétrica
Startup de aluguel de motos elétricas fundada por um ex-Tesla e um ex-Rappi, a brasileira Vammo acaba de captar US$ 30 milhões. A rodada série A foi liderada pela Monashees e teve participação do fundo europeu 2150 — de tese climática, com foco em descarbonização. O cheque vai permitir o início da expansão para outros países latinos e a abertura de uma fábrica em Manaus, onde estão concentradas as fabricantes de motocicletas no Brasil, em razão do incentivo fiscal da zona franca.
A partir de modelos próprios de motos elétricas (até o momento fabricados por fornecedores asiáticos) e com estações de troca de bateria, a Vammo tem um negócio voltado para atender entregadores de aplicativos e motoboys. A startup, por enquanto, tem atuado somente na capital paulista, onde opera há pouco menos de um ano e tem a adesão de 300 motociclistas, um número ainda pequeno se comparado ao tamanho do mercado.
Só a locadora de motos Mottu, também voltada para entregadores e que trabalha com o tradicional motor a combustão, já emplacou, em 2023, mais de 26 mil dos seus modelos, montados em Manaus. A companhia já trabalha com motos elétricas. Mas há um desafio de preço diante do orçamento apertado da clientela, o que faz essa aposta ainda ser parcialmente subsidiada.
Mas a própria Mottu também tem um caminho longo a percorrer: no Brasil, há cerca de 1,6 milhão de trabalhadores de apps — número que considera também os motoristas de carona, mas que dá uma ideia do potencial do mercado.
Na Vammo, o aporte será usado para ampliar as operações em São Paulo.
E, em seguida, partir para outros países da América Latina, como Colômbia e México. A expectativa é se tornar o maior player no segmento de veículos elétricos na região em 2024, contando o número de veículos em circulação, e ter uma carteira que chegue à ordem de 15 mil clientes até o fim de 2025.
“O Brasil foi o lugar perfeito para iniciar a operação, não só pelo uso massivo de motocicletas, como pela fonte de energia, que são 90% renováveis, uma das mais limpas do mundo. O impacto alcançado é muito maior”, diz Jack Sarvary, fundador e CEO da Vammo.
Vammo: empresa quer ter rede de recarga de pelo menos 50 pontos em 2024
Uma das principais apostas da Vammo para convencer o entregador a trocar a gasolina pela bateria são as estações de recarga desenvolvidas pela Vammo. A startup percebeu que fazer o motoboy esperar para recarregar significava uma renda menor no fim do dia e montou estações em formato self-service para a troca completa da bateria. São oito pontos na capital paulista atualmente, número que deve chegar a pelo menos 50 no início do ano que vem, com a ajuda do cheque.
Um outro argumento que a empresa utiliza é o modelo de aluguel.
Embora a moto elétrica prometa ser menos custosa que a moto à combustão no longo prazo, o preço na concessionária ainda é maior. A Voltz, outra brasileira que apostou nas duas rodas recarregáveis, mas com foco em vendas, recentemente entrou em recuperação judicial. Já a Vammo oferece planos mensais, bimestrais e semestrais. Ficam entre R$ 200 e R$ 350 por semana. E inclui trocas ilimitadas de bateria e manutenção do veículo.
O capital que entra agora também vai ajudar a reduzir a dependência da Vammo de fornecedores asiáticos, que até então produziam as motos importadas. O plano é começar a produzir os veículos em Manaus, inicialmente via parcerias, já no ano que vem. Com um maior entendimento da operação local, a ideia é abrir uma fábrica própria, ampliando margem e reduzindo emissões de carbono. As cabines de recarga, com trava digital liberada via aplicativo, e as próprias baterias devem continuar sendo produzidas fora do país por algum tempo.
A ideia de criar a startup surgiu da experiência dos fundadores em cada uma das verticais no negócio.
Sarvary foi o principal responsável pelo modo “Turbo” de entregas na Rappi, onde acompanhava de perto o relacionamento com os entregadores. Já seu sócio Billy Blaustein passou cinco anos na Tesla, em operações. Os dois agora dialogam diretamente com aplicativos de entrega, incluindo a própria Rappi, para estudar a possibilidade de parcerias.
Para a Monashees, a startup tem como vantagens contar com hardware próprio e uma rede de pontos de recarga que está em expansão. “A Vammo resolveu o problema da autonomia [da moto elétrica] para o caso de uso intenso, como o comercial. Num custo total bem inferior à opção tradicional, de motor de combustão interna, destravando um mercado enorme”, disse Carlos Dapuzzo, sócio da gestora, por email. O fundo também investe na Kovi, que aluga carros para motoristas de app.
Além de Monashees e 2150, a série A foi acompanhada pelo Maniv Mobility, fundo global especializado em mobilidade, e o Construct Capital, americano que liderou a seed da startup no ano passado, de US$ 8,5 milhões, quando a Vammo ainda se chamava Leoparda Electric.
Fonte: pipelinevalor.globo.com
Vammo capta US$30 mi para conquistar entregador com moto elétrica