Mobilidade corporativa: estratégias para um futuro sustentável e seguro
Mobilidade corporativa: estratégias para um futuro sustentável e seguro
Por Ariane Buzanello*
A mobilidade nas empresas envolve aspectos que vão muito além do transporte e da logística. Ela se entrelaça com o funcionamento interno, a cultura organizacional e o impacto que uma companhia exerce no mundo. Esse conceito abrange não apenas a forma como os colaboradores se deslocam, mas também a gestão das frotas, a utilização eficiente dos recursos e a visão das lideranças sobre o papel da empresa na sociedade.
A eficiência, nesse contexto, está menos relacionada à pressa e mais à inteligência na gestão dos deslocamentos. Mais do que mapear trajetos e recursos utilizados, a mobilidade corporativa hoje exige compreender as escolhas dos colaboradores, respeitar seus percursos e promover soluções eficientes e sustentáveis, sempre com foco na liberdade e na experiência de quem se move.
A Inteligência Artificial tem transformado de forma significativa o setor de mobilidade, promovendo soluções mais eficientes, seguras e sustentáveis. Com o uso de dados em tempo real, é possível otimizar rotas, prever demanda, reduzir congestionamentos e melhorar a experiência do usuário, tanto no transporte público quanto no privado. Além disso, a IA também contribui para a redução de emissões e o uso mais racional dos recursos, alinhando inovação tecnológica aos princípios da mobilidade urbana sustentável.
No trânsito, a segurança precisa estar no centro da discussão.
De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, cerca de 90% dos acidentes são causados por falha humana, um dado que reforça a necessidade de cultivar uma cultura de segurança constante. As empresas têm papel essencial nesse processo. Treinamentos periódicos, campanhas educativas, políticas de tolerância zero e o uso de dados para antecipar riscos são práticas que já começam a se consolidar. Os ganhos ultrapassam a prevenção: repercutem no bem-estar dos colaboradores, na reputação da marca e na redução de custos com afastamentos e indenizações.
A sustentabilidade, por sua vez, é um compromisso que precisa sair do discurso e se afirmar em ações cotidianas. Há caminhos concretos e acessíveis para isso. A eletrificação das frotas é um deles, especialmente nas operações urbanas, onde o impacto ambiental é mais perceptível. Da mesma forma, incentivar o transporte coletivo, a carona corporativa ou a mobilidade ativa, com o uso de bicicletas e caminhadas, ajuda a construir um ecossistema de deslocamento mais limpo e consciente.
A mobilidade corporativa, no fim das contas, não se resume a ir de um ponto a outro.
Ela expressa o modo como uma organização enxerga o tempo, o ambiente e as pessoas que a compõem. Diz respeito a cuidado, responsabilidade e visão de futuro. É sobre repensar a pressa e buscar equilíbrio, entre produtividade e qualidade de vida, eficiência e propósito.
Pode ser que o grande desafio das empresas hoje não esteja em adotar novas tecnologias, mas em alinhar inovação e sensibilidade humana. Automatizar processos ou eletrificar frotas é importante, mas não suficiente. É preciso entender o contexto emocional e social dos deslocamentos, o que cada trajeto representa para quem o faz. Muitas organizações já experimentam alternativas: home office parcial, horários flexíveis, incentivos a modais sustentáveis. Medidas simples, mas que reverberam na rotina e reduzem impactos.
O futuro da mobilidade corporativa talvez não dependa apenas de investimento, mas de mentalidade.
De uma forma mais colaborativa de pensar deslocamentos e de reconhecer que eficiência também envolve empatia. Nem sempre há um modelo único: cada empresa precisa encontrar seu próprio ponto de equilíbrio entre custo, conveniência e sustentabilidade.
O que parece certo é que o tema já ultrapassou as fronteiras da logística. Ele toca áreas como ESG, inovação, cultura organizacional e saúde mental. Afinal, mover-se é uma experiência humana, e cabe às empresas torná-la mais consciente, mais segura e, sobretudo, mais alinhada ao mundo que pretendem construir.
Mobilidade corporativa: estratégias para um futuro sustentável e seguro
* Por Ariane Buzanello, Diretora de Produtos Abastecimento da Edenred Mobilidade
