Apps de mobilidade ‘tipo Uber’ aumentam poluição em 70%, diz estudo
Segundo cientistas, corridas no Uber e Lyft são mais poluentes do que viagens feitas em carros particulares
Um estudo divulgado pela Union of Concerned Scientists nesta terça-feira (25) revelou que as viagens feitas em aplicativos de transporte como Uber e Lyft resultam em um aumento médio de 69% na poluição climática. O impacto aparece principalmente nas grandes cidades, onde as corridas solicitadas nos apps de mobilidade substituem viagens de baixo carbono, como transporte público, ciclismo ou caminhada.
Segundo o estudo, há dois fatores principais que fazem das corridas de Uber e Lyft um problema climático. O primeiro é que elas são mais poluentes do que uma viagem em carro particular, já que contribuem para o chamado “deadheading” de motoristas, fenômeno que ocorre quando o veículo circula sem passageiros.
A segunda razão é que as corridas em aplicativos de mobilidade não estão substituindo as viagens em carros particulares, mas aumentando a circulação de veículos na rua. O relatório aponta que, se comparada a viagens em carros pessoais, as viagens feitas a partir desses apps produzem cerca de 47% mais emissões de carbono.
Os pesquisadores acreditam que as empresas poderiam reduzir o dano causado pelas emissões eletrificando a frota de veículos ou incentivando os clientes a fazer viagens em grupo. “Para que as corridas contribuam para melhores resultados climáticos e de congestionamento, as viagens devem ser compartilhadas e elétricas e incentivar modos de baixas emissões, como transporte de massa, ciclismo e caminhada”, afirmam os cientistas no artigo.
A tarefa não é fácil, mas tanto a Uber quanto a Lyft já mostraram que estão comprometidas a reduzir sua pegada de carbono. Para isso, as empresas têm implementado serviços de compartilhamento de bicicletas e scooters, agendamento e emissão de bilhetes de transporte público integrados nos aplicativos.
Apesar desses esforços, grande parte das viagens solicitadas nas plataformas da Uber e da Lyft ocorrem em veículos movidos por combustíveis como gasolina, etanol e gás. As empresas até tentaram promover viagens em grupo, mas os clientes demonstraram relutância em compartilhar as corridas.
O que dizem as empresas
Ao site de tecnologia The Verge, um porta-voz da Uber ressaltou o compromisso da empresa com um transporte sustentável.
“Queremos que a Uber faça parte da solução para lidar com as mudanças climáticas, trabalhando com as cidades para ajudar a criar um futuro de transporte com baixo carbono. Para desbloquear as oportunidades que temos para reduzir as emissões, continuaremos investindo em produtos e advogando políticas que reduzam a posse de carros, promovam viagens mais compartilhadas e apoiem uma maior adoção de bicicletas, scooters, veículos ecológicos e o uso de transporte público”.
Um representante da Lyft, em contrapartida, classificou o relatório como “enganoso”.
“Este relatório, como muitos outros, faz alegações enganosas sobre o compartilhamento de carros. A Lyft incentiva o uso de viagens compartilhadas, foi a primeira empresa a inserir informações de transporte público no seu aplicativo e, no ano passado, fez uma das maiores implantações isoladas de veículos elétricos no país. Estamos ansiosos para continuar esse trabalho em parceria com as cidades, para avançar no transporte compartilhado e sustentável”.
FONTE: TechTudo