Montadoras recebem US$ 6,5 bi em investimento

Remessa de lucros de US$ 86 milhões atinge pior patamar em décadas

Em ano de severa recessão econômica e profunda queda nas vendas, as montadoras instaladas no Brasil receberam o valor recorde de US$ 6,57 bilhões em investimentos diretos de suas matrizes no exterior. A cifra é 45%, ou US$ 2 bilhões, superior aos US$ 4,5 bilhões recebidos em 2015, colocando os fabricantes de veículos como o setor do País que mais recebeu investimento estrangeiro direto (IED) no ano passado. Diversos fatores jogaram este número para cima, como o câmbio favorável aos investidores externos, acesso mais restritivo a recursos em moeda local subsidiados do BNDES e baixa geração de caixa próprio doméstico devido ao recuo dos negócios, em oposição à necessidade de cobrir gastos já contratados, especialmente a modernização de fábricas e desenvolvimento de novos motores para atender as metas de eficiência energética assumidas pela adesão ao Inovar-Auto.

Na mão inversa, as remessas de lucros oficiais dos fabricantes de veículos instalados no Brasil às suas matrizes no exterior bateram recorde negativo, descendo em 2016 ao nível mais baixo das últimas duas décadas. Segundo dados contabilizados pelo Banco Central no fim de janeiro, no ano passado inteiro as empresas do setor remeteram apenas US$ 86 milhões, 68% menos do que o já baixo valor de US$ 271 milhões enviados em 2015 – a cifra é cerca de 650 vezes menor do que os dividendos bilionários remetidos no pico recorde de US$ 5,7 bilhões em 2011 registrado (veja evolução das remessas no gráfico abaixo).

As montadoras também remeteram recursos para fora do País de outras maneiras. Como forma de investimentos diretos em operações externas (como na Argentina, por exemplo), foram aplicados US$ 92 milhões, mas em compensação regressou aos cofres brasileiros dessas empresas muito mais dinheiro como retorno de investimentos: foram recebidos US$ 330 milhões.

Da mesma forma, de janeiro a dezembro os investimentos diretos devolvidos pelas montadoras às suas matrizes somou apenas US$ 10 milhões em 2016, o que em contrapartida aos US$ 6,57 bilhões recebidos na mesma modalidade (IED) resulta em US$ 6,56 bilhões líquidos ingressados no setor. (veja gráfico abaixo, à esquerda).

Já os empréstimos intercompanhia das montadoras terminaram 2016 com saldo negativo de US$ 714 milhões (veja gráfico acima, à direita), isso porque as empresas amortizaram mais dívidas e contraíram menos com suas matrizes nessa modalidade. Foram remetidos US$ 5,23 bilhões em pagamentos e recebidos US$ 5,95 bilhões em crédito novo. O setor foi o segundo que mais pagou esse tipo de financiamento e o quarto que mais recebeu dinheiro por essa via no ano passado.

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