MG: Aviação regional fica na promessa de 270 aeroportos
Depois de três anos do lançamento do Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional (Pdar), dos 270 aeroportos prometidos, nenhum saiu do papel, conforme estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgado ontem. E os recursos previstos para a implementação podem ser insuficientes para a criação de novas rotas da aviação regional no Brasil.
Segundo cálculo da entidade, seriam necessários nos cinco primeiros anos do programa investimentos de R$ 4,5 bilhões, considerando crescimento médio de 8% ao ano na quantidade de assentos ofertados. Sobrariam R$ 2,4 bilhões para as novas ligações de pequenos aeroportos. A estimativa levou em consideração os voos já existentes e os subsídios que eles podem receber.
Para o professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Fumec, Paulo Roberto Siqueira de Carvalho, o que impede o crescimento da aviação regional são os custos mais altos. O professor do curso de pós-graduação em logística do Ibmec/MG, Ricardo Marques Braga, também destaca os custos operacionais altos como o grande desafio do programa. “As passagens no interior são, em média 30% mais caras do que as dos grandes centros”, diz Braga.
Para resolver isso, a previsão era que o programa tivesse R$ 1 bilhão anuais para reduzir o custo das passagens de passageiros em linhas áreas mais isoladas. Neste ano foram colocados R$ 500 mil no orçamento para pagar esse subsídio, mas nada foi liberado.
O levantamento afirma que existem 22 aeroportos em estudos de viabilidade técnica, 19 em estudos complementares, 145 em análises preliminares e 87 em anteprojeto para licenciamento ambiental.
Combustível caro atrapalha setor
Brasília. Apesar de o número de passageiros no transporte aéreo ter crescido 210,8% entre 2000 e 2014, enquanto o preço médio das passagens caiu 43,1%, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta que o alto custo do combustível de aviação e problemas de infraestrutura nos aeroportos ainda restringem uma expansão maior do setor e podem até prejudicar os resultados já alcançados.
O estudo Transporte e Economia – Transporte Aéreo de Passageiros, divulgado ontem, mostrou que o que mais pesa nos preços das passagens no país é o valor da querosene de aviação. O insumo é responsável por 37,3% dos custos, mais caro do que em outros países, conforme o levantamento.
E o ICMS sobre o combustível pesa na conta, já que chega a 25% em alguns Estados, enquanto a CNT defende uma alíquota máxima de 12%.
Por Juliana Gontijo, do O Tempo.