O futuro é compartilhado

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O ciclo de consumo das sociedades modernas estimula, com a mesma velocidade, a acumulação e o descarte de bens. A lógica de estimular mais aquisições traz lucro às empresas e, aliada ao esgotamento de recursos naturais, leva o planeta a um estado crítico. Mas, e se, em vez de se basear nesse sistema, a roda girasse de outro jeito? Existe uma via alternativa, que valoriza mais a experiência do que a posse. O nome desse movimento, que se desenvolveu com as novas tecnologias e é visto como uma das principais tendências do século 21, é economia colaborativa ou compartilhada.
O objetivo é fornecer produtos e serviços de qualidade, a um preço acessível, buscando aproveitar o que cada indivíduo pode oferecer à comunidade. Entram nesse troca-troca desde objetos parados no fundo do armário até a própria casa, ou uma atividade que a pessoa tenha conhecimento e disponibilidade para prestar. Economista com mestrado em criatividade e inovação, Luiz Alberto Machado, vice-diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), define economia colaborativa como “a possibilidade de usar uma coisa que não é sua ou de possibilitar que outras pessoas usem algo que é seu”.
Tudo isso com um custo mais baixo do que a compra tradicional. “O sistema de bicicletas coletivas (como o do Itaú, uma das empresas que entraram na tendência) possibilita que muita gente que não tem dinheiro pra comprar uma bike faça uso desse meio de transporte”, exemplifica. A internet é a grande plataforma para disseminar e possibilitar a conexão entre pessoas dentro dos projetos de economia colaborativa, que podem ser um ramo de uma empresa ou a finalidade primordial de uma companhia. As possibilidades de negócio do movimento são ainda imensuráveis, mas também promissoras. Pesquisa da consultoria PwC mostrou que, em 2014, o modelo fez circular US$ 15 bilhões mundialmente; em 2015, devem ser US$ 335 bilhões.
Graduado, mestre e doutor em economia, Newton Marques, membro do Conselho Regional de Economia da 11ª Região DF (Corecon-DF) e professor da Universidade de Brasília (UnB), afirma que a economia colaborativa foi desenvolvida para arcar com os prejuízos do sistema vigente, sendo uma terceira via, que se encaixa entre o capitalismo e o socialismo. “Ela acontece quando alguém vai atrás de uma causa e estuda como se pode dar uma colaboração benéfica para todas as partes”, diz.
A origem
A versão mais aceita mostra que a economia colaborativa surgiu de variações do compartilhamento de produtos e serviços de pessoa para a pessoa que, posteriormente, foram escalonados. É exemplo disso o Airbnb, site norte-americano criado em 2008 que permite aos usuários anunciarem e reservarem aposentos nas casas uns dos outros em mais de 34 mil cidades em 191 países. O portal conta com mais de 2 milhões de instalações e 60 milhões de hóspedes participantes. Para anfitriões, é uma maneira de ganhar uma renda extra; para os inquilinos temporários, é uma experiência mais acessível e com as comodidades de uma casa.
Funciona de modo parecido a startup Fleety, que viabiliza o aluguel de carros ou a disponibilização do automóvel em Curitiba, São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro. A gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Sebrae-DF), Flávia Firme, acredita que a economia colaborativa sempre existiu, por meio de feirinhas de bairro, reuniões de comunidade, entre outras atividades locais. “As redes sociais on-line apenas potencializaram essa interação e aumentaram as possibilidades, por permitirem a comunicação sem barreiras com qualquer pessoa. Isso tornou ilimitados o tamanho das comunidades e os motivos”, observa a economista e administradora, pós-graduada em gestão estratégica da informação.
Financiamento coletivo
Os sites crowdfunding fazem parte da economia colaborativa. Com o objetivo de arrecadar dinheiro para iniciativas de interesse comunitário, diversas plataformas foram criadas para viabilizar a agregação de múltiplas fontes de financiamento, como Kickante, Indiegogo, Catarse, Vakinha, Benfeitoria e Idea.me.
Fonte: Correio Braziliense – Impresso

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