Acordo Localiza com Brookfield dá pista sobre ganhos na combinação de negócios com Unidas
O acordo que a Localiza (RENT3) e a Unidas (LCAM3) assinaram com a Brookfield, seguindo a imposição de “remédios” pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a fusão das duas locadoras de veículos.
Representa um avanço no processo de combinação de negócios. E permite mensurar sinergias vindas da operação, segundo analistas.
Analistas do BTG Pactual afirmam, em relatório distribuído nesta segunda-feira (13), que o acordo abre espaço para uma reavaliação das ações da Localiza. Em dia de queda generalizada dos papéis do Ibovespa, o papel da locadora de veículos era negociado em baixa de 4,39% por volta das 12h30, a R$ 49,50. Os da Unidas, por sua vez, caíam 3,98%, a R$ 22,22.
Ainda que os termos do acordo já tivessem circulado por meio de rumores no mercado na semana passada, o anúncio é positivo, segundo o BTG. Permite que os investidores incorporem as sinergias com a Unidas no preço da ação da Localiza. Na estimativa do banco, que admite ser conservadora, as sinergias podem somar R$ 4 bilhões.
Para o Goldman Sachs, em relatório também publicado hoje, as sinergias podem criar entre 10% e 35% de valor adicional para a nova companhia.
“Ao todo, mesmo que já estivesse no radar, vemos o anúncio do acordo como positivo para a Localiza. Ajuda a acelerar a fusão e dando mais clareza sobre potenciais sinergias”, diz o BTG.
“No geral, consideramos que o acordo para a venda de ativos com a Brookfield é estrategicamente positivo. Pois é um dos passos exigidos pela autoridade brasileira antitruste para aprovar a potencial fusão entre Localiza e Unidas”, afirma o Goldman.
Venda de ativos
O acordo assinado com a Brookfield Asset Management, anunciado pela Localiza na manhã desta terça-feira, prevê a venda de certos ativos das operações de aluguel de veículos. E também seminovos da Unidas, incluindo 49 mil carros, por R$ 3,57 bilhões – o que corresponde a cerca de R$ 72,9 mil por unidade.
Os ativos vendidos, de acordo com o Goldman, equivalem a cerca de 30% do valor de mercado da Unidas. E 9% do montante referente à Localiza. Além de corresponderem a aproximadamente 63% da frota da divisão de aluguel de veículos da Unidas no primeiro trimestre. Além disso, aponta o banco, os carros estão sendo vendidos com um prêmio médio de 17% sobre seu valor contábil, de cerca de R$ 62,4 mil por veículo.
Nesse sentido, a Ativa Research também considera o acordo positivo. Uma vez que, além de liberar as companhias para iniciarem o processo de reorganização societária, fusão e captura de sinergias, foi negociado a um valor interessante.
Para os analistas do BTG, a responsável pela operação dos ativos deverá ser a Ouro Verde. Empresa especializada em gestão de frotas corporativas adquirida pela Brookfield em 2019.
A Brookfield é um fundo de investimentos canadense com cerca de R$ 40 bilhões em ativos sob gestão no Brasil. Com operações nos setores de infraestrutura, energias renováveis, imóveis, recursos sustentáveis e private equity.
Próximos passos
Vale ressaltar que o acordo anunciado é apenas um passo para a aprovação da fusão pelo Cade. O órgão ainda precisa aprovar o comprador e a transação. Enquanto as companhias devem executar a combinação dos negócios. E finalizar uma reestruturação corporativa das subsidiárias da Unidas.
A expectativa dos analistas do Inter Research é que a venda seja aprovada sem ressalvas. Ee que o processo de fusão seja concretizado no segundo semestre deste ano.
Considerando que o Cade tem 30 dias para aprovar o comprador e a transação, a expectativa do BTG é que a fusão seja concluída no terceiro trimestre.
Recomendações
Depois do anúncio, o BTG, o Goldman e o Inter reiteraram suas recomendações de compra para a ação da Localiza. Com preços-alvo de R$ 75, R$ 64,50 e R$ 71, respectivamente.
De uma maneira geral, o mercado parece otimista com o papel. De acordo com dados da Refinitiv disponíveis no TradeMap, de 13 instituições financeiras consultadas, dez recomendam a compra do papel. Enquanto duas indicam a manutenção do ativo em carteira e uma, a venda.
A mediana de preços-alvo dos analistas é de R$ 73. O que corresponde a alta de 47% sobre o valor atual da ação.