Carro usado de locadora é bom negócio?

Um dos boatos mais fortes no mercado de usados é que carros vendidos por locadoras podem, apesar do preço de compra teoricamente mais baixo, ser um mau negócio por inúmeros motivos.

Entre eles: quilometragem alta, sem garantia de fábrica e conservação precária. Mas será que isso se sustenta ainda em 2022? Autoesporte ouviu empresas do setor, especialistas e mecânicos e mostra se vale a pena colocar na garagem um carro com essa procedência.

“A imagem de que o setor de locação atrapalha o mercado de compra e venda, ou mesmo que traz impactos no preço dos veículos dos proprietários no varejo, não sobrevive a uma análise mais profunda dos números envolvidos”, disse Marco Aurélio Nazaré, presidente do conselho da Abla.

Atualmente, as locadoras instaladas no Brasil são donas de 1,3 milhão de veículos. Em 2021, venderam cerca de 250 mil carros. O número é relevante, mas representa apenas 2,5% do total das transações envolvendo automóveis seminovos e usados. Os dados são da Abla, a associação que representa as empresas do setor.

Qual o destino dos carros?

Depois que sai do catálogo de locação, um carro normalmente pode ter alguns destinos. Um deles é ser vendido pela própria locadora para o público em geral. Outro, por mais curioso que pareça, é a negociação com lojistas independentes.

“Hoje, uma loja “normal” tem de 10 a 15% do estoque vindo de locadoras. Mas há aqueles que nunca compraram e outros que têm parceria para comprar”, disse Enilson Sales, presidente de Fenauto, a associação dos lojistas.

Sales explica que as lojas não diferenciam esse tipo de veículos daqueles vendidos por outros clientes. “Dificilmente [o consumidor] vai identificar o carro que foi adquirido em locadora, já que ele é transferido para a loja antes. Temos todos os cuidados que um consumidor deve ter, com alguns detalhes a mais”, completa.

Cuidados antes de comprar

Esses “detalhes”, segundo o executivo da Fenauto, são pequenas avarias na carroceria e estado de conservação dos pneus.

O conselho é o mesmo dado por Rubens Venosa, consultor técnico da Autoesporte e dono da oficina paulistana MotorMax. “Essas dicas valem para um carro usado de outra procedência. Também é preciso ficar de olho em palhetas, tecidos e estado dos bancos”, disse.

Como os carros de aluguel passam por vários tipos de motoristas, é possível que alguns tenham menos cuidado do que teriam caso fossem os proprietários.

Venosa também destaca como ponto positivo a garantia oferecida pelas locadoras – normalmente um ano. Porém, essa questão traz uma polêmica. Como as empresas costumam utilizar oficinas parceiras para as manutenções, os carros mais novos acabam perdendo a garantia de fábrica pela não realização dos serviços na rede autorizada.

Negócio em expansão

Vender carros ainda em período de garantia de fábrica mostra que as frotas das locadoras têm se renovado com mais rapidez.

“Atualmente, 60% do estoque é de carros 2022 e com quilometragem muito pequena. Na média, os veículos têm de 20 mil a 35 mil km”, disse Daniel Morroni, diretor executivo da Movida.

A locadora é uma das empresas com a maior rede de lojas de seminovos. São 87 pontos de venda em 20 estados e no Distrito Federal. A Abla não sabe exatamente quantos estabelecimentos há do tipo no país.

Uma rápida busca nos sites das três maiores locadoras do país revela uma rede superior a 250 endereços. Confira abaixo:

  • Localiza – 180 lojas em 22 estados e no Distrito Federal
  • Movida – 87 lojas em 20 estados e no Distrito Federal
  • Unidas – 23 lojas em 14 estados

Como comparação, a rede da Localiza tem tamanho semelhante à da Citroën. E as vendas também são dignas de comparação com fabricantes. Voltando para a Movida, entre abril e junho de 2022, a empresa comercializou 18 mil seminovos – mais do que a Ford vendeu de carros novos entre janeiro e setembro.

Morroni reconhece que o preconceito com carros de locadoras existiu no passado, mas afirma que o trabalho de seleção dos veículos e suporte com os compradores ajudou a mudar essa imagem.

“Todos os carros que vão para as lojas passam por uma triagem. Os que estão com uso severo ou mais quilometragem não são vendidos. O carro que está na loja é preparado e revisado”.

De fato, há carros de 2020 com cerca de 35 mil km rodados, quilometragem compatível com a percorrida por um brasileiro médio nesse período. Porém, não é difícil encontrar outros exemplares do mesmo ano, mas com o dobro de quilômetros no odômetro.

LISTA: 3 dicas na hora de buscar um usado de locadora

  • De olho no odômetro

Um carro com quilometragem alta não é sinônimo de problema. Mas liga um sinal de alerta para o estado de conservação de pneus, estofamentos e pequenas avarias na carroceria. Vale um olhar mais atento nessas questões.

  • Manutenções em dia

Grandes locadoras costumam realizar os serviços em oficinas credenciadas. Tenha em mente que a garantia de fábrica poderá ser perdida. Pelo menos as maiores empresas do ramo costumam oferecer garantia de um ano para eventuais problemas mecânicos.

  • Carroceria brilhante

Além de pequenas batidas e arranhões, carros usados por locadoras podem sofrer com maior incidência do sol por muitas vezes ficarem estacionados em locais descobertos. Também é recomendável checar o estado da pintura com mais atenção.

Fonte: autoesporte.globo.com

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