Novo CEO da Nissan terá que recuperar lucro antes de resolver relação com Renault

Ganhos da montadora japonesa vêm caindo há mais de uma década, e escândalos como o de Carlos Ghosn só aumentaram a tensão

TÓQUIO – O próximo diretor executivo da Nissan precisará dar prioridade à recuperação dos lucros da montadora japonesa, antes de tentar acertar seu relacionamento com sua grande acionista Renault, dizem analistas e executivos.

Retomar a lucratividade reforçaria a posição da Nissan nas negociações com a parceira francesa, e é algo que a própria Renault consideraria bem-vindo, já que detém 43,4% da montadora nipônica.

A segunda maior fabricante automotiva do Japão anunciou na segunda-feira que o CEO Hiroto Saikawa deixará o cargo no próximo dia 16 de setembro, depois de ter admitido que recebeu pagamentos indevidos, violando as regras da empresa.

É um novo golpe para a Nissan, já combalida depois da prisão de seu ex-presidente Carlos Ghosn no ano passado, por acusações de má conduta financeira, e de uma queda nos ganhos. As ações, este ano, estão em queda de 20%.

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Para o substituto de Saikawa, que ainda não foi nomeado, a prioridade número um será recuperar os lucros, que estão em queda há mais de uma década. Os ganhos caíram após anos de fortes descontos e vendas com pouca margem para firmas de aluguel de carros que tornaram a imagem da marca Nissan mais barata.

A Renault, que até agora tentou, sem sucesso, uma fusão com sua parceira, provavelmente dará à Nissan tempo para se concentrar na volta por cima, afirmou um executivo da japonesa.

— Nem é preciso dizer que a recuperação é a maior prioridade.Temos a compreensão da Renault sobre isso — disse o executivo, que pediu para não ser identificado, pois a informação não é pública.

As tensões na parceria Nissan-Renault se agravaram após a prisão de Ghosn. Ele aguarda julgamento em Tóquio e nega as acusações.

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Investidores temem pelo futuro da aliança num momento em que as empresas precisam desesperadamente de maior escala para enfrentar as mudanças tecnológicas com os carros elétricos e autônomos.

Os executivos da Nissan já reclamam há tempos da desigualdade na parceria com a Renault, que salvou a japonesa da bancarrota em 1999. A Nissan detém 15% da Renault, mas sem direito a voto. A Tóquio também desagrada a fatia de 15% que o governo francês possui na Renault, o que torna Paris um acionista indireto na Nissan.

“A lucratividade deve continuar sob pressão, e a Nissan não deve conseguir fechar logo um acordo com a Renault sobre o futuro da aliança”, escreveram analistas da Standard & Poor’s num comunicado.

O estresse piorou quando a Renault tentou em vão se fundir com a Nissan e depois com a Fiat Chrysler. Agora, tanto o governo francês quanto o CEO da Renault, Jean-Dominique Senard, provavelmente terão de travar seu desejo por laços mais fortes com a japonesa.

 

Fonte: O Globo

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