Bancos, locadoras de veículos e siderúrgicas são destaque do 1º tri

De foram geral, os resultados ficaram dentro das expectativas, o que é uma vitória dado o desempenho fraco da economia

SÃO PAULO – A expectativa de recuperação da economia brasileira piora a cada semana. O dado mais recente, o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), mostrou um recuo de 0,7% do PIB no 1º trimestre. Mas, se a economia decepcionou, não se pode dizer o mesmo das empresas. Um levantamento feito pela XP mostra que, de forma geral, os resultados ficaram dentro do esperado — o que, dado o ambiente econômico, é uma vitória.

Segundo a equipe de análise da XP, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado ficou, em média, 1% acima do esperado no primeiro trimestre. “Em linhas gerais, vemos a performance [das empresas] como positiva, tendo em vista dados econômicos que surpreenderam negativamente no primeiro trimestre”, afirmam, em relatório.

Os analistas destacam dois setores como destaques positivos: bancos e locadoras de veículos. As instituições financeiras conseguiram apresentar bons resultados mesmo com a atividade fraca, com o crescimento do crédito e controle de despesas mais do que compensando a queda na receita de serviços, que piorou em meio a um ambiente de maior competição, principalmente com os bancos digitais.

Para a XP, o Santander (SANB11) teve um trimestre forte: o lucro líquido recorrente aumentou 21%, para R$ 3,5 bilhões, superando as projeções, com potencial para a instituição bater as estimativas de lucro para este ano.

Já as locadoras de veículos surpreenderam positivamente, de acordo com a XP, reportando crescimento e entregando expansão de margem. A Localiza (RENT3), por exemplo, teve um balanço apoiado “pelo sólido crescimento de volume nos segmentos RAC (RentACar) e aluguel de frotas”. A empresa teve lucro de R$ 211 milhões, e os volumes cresceram 26% com uma forte demanda combinada com um ambiente de preços racional.

A Movida (MOVI3) também teve bons resultados, mas mais em linha com o esperado. “Embora os volumes tenham vindo fortes anualmente, o segmento de seminovos foi pressionado pelos esforços da companhia em aumentar o giro da frota, o que resultou em volume forte de vendas e idade média menor da frota”, apontam os analistas.

Entre outros setores que chamaram atenção, está o de shopping centers que, para a XP, apesar de ter reportado crescimento ainda tímido nas vendas totais em função de uma atividade fraca, teve crescimento saudável no aluguel por m² e melhora sequencial em outras métricas operacionais.

As siderúrgicas, por sua vez, tiveram “performances surpreendentes na margem, com resultados de outros segmentos dando sustentação, ao passo que as operações de aço no Brasil decepcionaram e revelaram o desafio adiante”, segundo os analistas. Já as empresas aéreas, apesar de um ambiente de demanda positivo, apresentaram balanços em linha com as expectativas, com o câmbio e o preço de petróleo pressionando os resultados.

O lado negativo

Entre as companhias que tiveram resultados abaixo do esperado, o destaque foi para o setor de consumo, prejudicado pelo fim da “Lei do Bem”, que dava incentivos fiscais a empresas que promovam inovação tecnológica, incluindo a fabricação de eletrônicos. A exceção, segundo os analistas, foi Lojas Renner (LREN3).

As empresas cíclicas globais, como os frigoríficos, também foram tiveram resultados menores que o esperado, em razão do impacto esperado da sazonalidade do primeiro trimestre. Para a XP, JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) tiveram números fracos, apesar da expectativa de que o impacto da gripe suína africana na Ásia possa favorecer essas companhias a partir do segundo trimestre.

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Outro ponto negativo foi o setor de papel e celulose, com um ambiente de demanda pressionado no curto prazo, somado a um preço de celulose que está demorando para recuperar. Os analistas apontam que a Suzano (SUZB3) também teve um balanço fraco, com queda de 22% no Ebitda, para R$ 2,8 bilhões. Por outro lado, eles ressaltam que o anúncio de corte de produção feito pela empresa ajuda na redução dos estoques de celulose, mas a falta de detalhes da estratégia acaba pesando contra a companhia.

Por fim, no setor de mineração, destaque para o resultado de Vale (VALE3), cujo principal foco foram os detalhes sobre os impactos de Brumadinho, com uma provisão de US$ 4,3 bilhões, valor acima do esperado e ainda sem considerar possíveis danos ambientais e coletivos.

 

Fonte: InfoMoney

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