Concessionárias do RS podem somar prejuízo acima dos R$200 mi
Concessionárias do RS podem somar prejuízo acima dos R$200 mi
Representando quase 7% do mercado de carros usados no Brasil, Rio Grande do Sul perde com paralisação das vendas
A tragédia que afetou quase todo o estado do Rio Grande do Sul começa a mostrar sua dimensão à medida que as águas iniciam seu recuo. Fotos de cemitérios de carros cobertos de lama demonstram que além de vidas e imóveis, o prejuízo das famílias e empresários do setor de veículos não foi pequeno. Estimativas dão conta que cerca de entre 5% e 10% do total da frota de carros do Estado, que soma ao redor de 2,8 milhões, tenha ficado inutilizada.
Em termos de vendas de veículos usados B2B, o estado representa 5,5% do mercado brasileiro.
Ao todo, as 232 concessionárias gaúchas mapeadas pela plataforma de vendas Auto Avaliar – sendo 134 que integram o sistema da empresa – tinham em estoque um total de 3.850 carros, e as vendas ao consumidor final somaram 2.857 unidades em abril. No mês passado, as concessionárias receberam 17.250 avaliações, o que representa 6,8% do volume Brasil.
De acordo com o Estudo Megadealer de Performance de Veículos Usados powered by Auto Avaliar (PVU) de abril, o ticket médio dos carros usados vendidos no mês de maio somou R$ 80.001,00. Aplicando este valor ao estoque das concessionárias gaúchas, o valor total fica próximo a R$ 300.003,850. Já em termos de vendas ao consumidor final, o total de abril representa cerca de R$ 228.562,857.
“O setor passa por uma crise sem precedentes, pois mesmo aqueles que não perderam parte da sua frota sofrem com a queda da demanda, já que a economia se encontra estagnada e vai se manter assim por um tempo, prejudicando o giro de estoque”, afirma o CEO da Auto Avaliar, J.R. Caporal. Diante da dimensão dos danos, a perspectiva é de que num primeiro momento a demanda fique paralisada, seguida de uma onda de crescimento forte, mas com mudanças nos hábitos de consumo.
“Este foi o cenário que vimos em Nova Orleans em agosto de 2005, quando a cidade foi devastada pelo furacão Katrina. Após o desastre, muitos abandonaram a cidade, a demanda foi praticamente zerada e as concessionárias atingidas exibiram desempenhos diferentes, algumas demoraram a ser reconstruídas e outras se reabilitaram mais rapidamente”, ressalta.
No segundo momento, o que ocorreu foi um forte aumento da demanda, impulsionada pela onda de recebimento das indenizações das seguradoras.
Para se ter uma ideia, as vendas passaram de 13.500 unidades numa taxa pré-tempestade ajustada sazonalmente para 16.000 unidades pós-tempestade. “Como não havia estoque suficiente, parte da demanda foi suprida por concessionárias fora dos limites da cidade de Nova Orleans”, observa, ao lembrar que também houve mudança pela preferência, com o aumento da busca por picapes.
Fazendo um paralelo com a tragédia no Rio Grande do Sul, Caporal pondera que nem todas as apólices de seguro contam com cobertura para este tipo de desastre natural. Entretanto, diante da dimensão das perdas, o volume de estoque das concessionárias que não foram afetadas é pequeno e pode não ser o suficiente para suprir a demanda futura. “Só que no curto prazo estas concessionárias precisam vender para sua sobrevivência e a saída tem sido buscar consumidores em outros estados”, explica.
A Auto Avaliar está auxiliando no fomento das vendas de carros nas concessionárias e lojas multimarcas parceiras para outros estados e para isso desenvolveu uma vitrine especial em seu marketplace. “Desta forma, os compradores podem priorizar a aquisição de veículos das concessionárias gaúchas, pois encontramos formas de enviar estes carros para fora do Estado. Além disso, todos os carros oferecidos têm a procedência garantida, reduzindo as dúvidas dos compradores se foram ou não afetados pela enchente”, ressalta. Outra ação da empresa foi isentar todos os clientes da região do pagamento das mensalidades. Além disso, os lojistas do Rio Grande do Sul contam com um benefício exclusivo na plataforma para compra de carros.
Concessionárias do RS podem somar prejuízo acima dos R$200 mi