Startup que compartilha carros corporativos recebe R$ 2,3 milhões

O novo normal tende a ser uma mistura entre costumes antigos e costumes adquiridos na pandemia. Joycar fatura justamente nessa transição: o trabalho remoto está cada vez mais comum, mas ainda será preciso disponibilizar carros corporativos para encontros específicos. Quanto mais econômica a frota, melhor.

startup de carros compartilhados para empresas viu a pandemia acelerar o fechamento de negociações. O negócio de carsharing B2B captou uma rodada de R$ 2,3 milhões pela plataforma Eqseed. A novidade foi divulgada com exclusividade para Pequenas Empresas & Grandes Negócios e antecipada na 100 Startups to Watchnewsletter gratuita sobre o mundo das startups.

A captação por equity crowdfunding permitirá ampliar esforços comerciais. A frota de 300 carros instalados deverá expandir para 2.000 carros nos próximos 12 meses.

Ideia de negócio: compartilhamento de carros corporativos
Joycar foi criada pelo administrador Rafael Taube, pelo cientista da computação Cássio de Freitas e pelo engenheiro Heitor Cunha em 2015. Taube trabalhou por seis anos em bancos e se interessou pelo crescimento do consumo compartilhado — ou seja, não precisar comprar alguma coisa para usá-la.

A Joycar começou como um provedor de carros para compartilhamento, mais ou menos como os aplicativos atuais de bicicletas e patinetes elétricas. “Logo vimos que precisaríamos ter uma oferta muito grande de veículos para atrair usuários”, conta Taube. A Joycar mudou para o compartilhamento dentro de ambientes privados, como condomínios.

O empreendimento focava em conseguir os carros. O software de reserva era importado de uma fornecedora alemã. A Joycar pivotou seu modelo de negócio e se transformou em uma startup no meio de 2018. O estopim foi um um piloto bem sucedido com a locadora ALD Automotive (Societe Generale) e implantação da tecnologia de compartilhamento na química BASF.

“Saímos do mundo de alugar carros para prover a tecnologia que permitisse tais locações. Contratamos um time de tecnologia para desenvolver um software próprio”, explica Taube. Segundo estimativas da própria startup, cada veículo a menos na frota de uma empresa pode representar uma economia anual de até R$ 20 mil.

A Joycar hoje ajuda companhias a criar frotas compartilhadas e, portanto, menores. A startup instala um hardware nos carros que controla seu cadastro na Joycar, a abertura das portas, a partida do motor e seu rastreamento. A frota da empresa pode ser própria ou alugada.

O funcionário entra por uma aplicação web ou móvel da Joycar e reserva um veículo. O carro pode ser aberto com seu crachá ou com seu celular. O funcionário pega as chaves no porta-luvas e dirige durante o tempo de reserva. As informações de ínicio, trajeto e fim de rota são registradas no próprio software da Joycar. A startup cobra uma mensalidade por veículo cadastrado.

 

Pandemia e novo investimento
A startup de carsharing B2B atende 20 empresas, com cinco mil funcionários no total. A pandemia acelerou o fechamento de negociações que já estavam em andamento.

“O carro é um ativo caro e que fica muito tempo parado. Essa percepção aumentou na pandemia, junto de mais trabalho remoto”, diz Taube. O cofundador acredita que o deslocamento físico ainda será preciso no novo normal, o que justifica o investimento em uma frota compartilhada. “A necessidade de encontrar pessoas ainda existe. Nem todo mundo pode apenas trabalhar em casa, seja por sua função ou pelos próprias condições de seu apartamento.”

A Joycar está sediada no Cubo Itaú, em São Paulo. Os nove funcionários atuais devem dobrar até o final de 2020. A startup funcionou apenas com capital próprio até sua captação na plataforma Eqseed. A rodada de equity crowdfunding rendeu R$ 2,3 milhões, captados com 218 anjos. O tíquete médio de investimento foi de R$ 10 mil.

O dinheiro será usado para criar uma máquina de vendas. “Somos um time com muitos desenvolvedores e crescemos de forma orgânica até agora. Vamos estruturar a área comercial para escalar e atender clientes maiores”, diz Taube. A Joycar projeta quintuplicar sua receita nos próximos meses, chegando a R$ 3,3 milhões.

A frota instalada passará de 300 para 2.000 veículos. A startup já firmou contratos com empresas como Petrobras. Aos poucos, a Joycar expande os usos de sua solução de criação e gestão de frotas compartilhadas. Uma construtora já usa a tecnologia para oferecer carros de uma concessionária aos moradores do prédio construído.

O grande objetivo é expandir o mercado de carro compartilhado. “No extremo, cada usuário poderia instalar o hardware em seu carro e compartilhá-lo com sua família ou com moradores do mesmo prédio. Temos 12 mil locadoras no país. Muitas delas são pequenas e não precisariam investir em loja física ou equipe de atendimento”, afirma o cofundador.

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