Vamos (VAMO3) tem lucro recorde de R$ 142,5 mi no 2º tri
CFO destaca estoques como vantagem competitiva da companhia
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 450,4 milhões, 77,5% superior ao 2T21 e também superior ao esperado pelo consenso de mercado, de R$ 404,34 milhões. A receita também superou a expectativa de R$ 1,009 bilhão, indo para R$ 1,199 bilhão, 80,1% maior na base anual.
Gustavo Moscatelli, CFO da companhia, destacou em entrevista ao InfoMoney que a companhia tem conseguido passar a largo do cenário de alta de custos, inclusive transformando essa dificuldade geral no mercado em uma vantagem competitiva para a companhia.
As restrições de produção de maquinário e de caminhões prosseguem no mercado com os gargalos de produção, pressionando os valores de veículos. Contudo, os estoques formados pela companhia garantem que a companhia tenha veículos a preços mais baixos, o que também garantem preços mais competitivos no mercado.
“É um diferencial competitivo hoje. Não estamos sofrendo como o mercado como um todo porque o nosso modelo de compras de veículos é com bastante antecipação, todas as negociações com montadoras para a compra de máquinas para este ano foram feitas no ano passado”, avalia Moscatelli.
A companhia conta atualmente com R$ 1,8 bilhão em estoques de ativos, sendo R$ 500 milhões de contratos confirmados e em implantação nas próximas semanas.
“Os demais R$ 1,3 bilhão formam uma vantagem competitiva e capacidade de atendimento à pronta entrega impares em nosso setor. Esse estoque estratégico, quando locado e entregue aos nossos clientes, dentro de poucos meses, tem potencial para gerar uma receita próxima a R$ 50 milhões por mês e um backlog (receita futura) de cerca de R$ 3 bilhões, se projetarmos os níveis de yield e prazo médio atuais de nossos novos contratos”, destacou a empresa em seu release de resultados. Houve uma melhora de rentabilidade de ativos em estoque, com o valor de mercado dos ativos 37,7% superior ao valor de aquisição.
O CFO da locadora ainda destacou entre os eventos positivos do trimestre a elevação da nota de crédito pela Agência Fitch Ratings para ‘AAA’ o que, segundo ele, possibilitará melhoria adicional no custo e perfil de dívida, o que é importante especialmente para uma companhia intensiva em capital.
Moscatelli avalia os atuais níveis de alavancagem, com uma relação de dívida líquida e Ebitda de 3,26 vezes, como confortáveis, além de fechar o trimestre com R$ 2,8 bilhões em caixa e cronograma de vencimento das dívidas no longo prazo. Neste cenário, ele destaca que o foco da companhia segue sendo o crescimento orgânico, e que as recentes aquisições feitas pela Vamos, sendo a última a da Truckvan, de produção e customização de implementos rodoviários para veículos pesados, são complementares aos negócios atuais da companhia.
Olhando para os segmentos de negócio da empresa (de locação e venda de seminovos de caminhões e máquinas agrícolas) e para as perspectivas à frente, o executivo avalia que o segmento de caminhões deve seguir como catalisador, mas há outras frentes de negócios com perspectivas bastante positivas.
“Caminhões é o mercado endereçável e é o nosso DNA. Mas se olhar para outros mercados, máquinas agrícolas, linha amarela pesada, empilhadeiras, todos contam com oportunidades de crescimento muito expressivas na nossa visão. Máquinas agrícolas, por exemplo, praticamente é um mercado que não tem locação. Hoje há diversas linhas de atuação com ativos diferentes e todas são avenidas de crescimento”, aponta o executivo.
Nesse sentido, no último trimestre, a companhia inaugurou na cidade de Rio Verde (GO) a maior concessionária de máquinas agrícolas da marca alemã Fendt das Américas que receberá o selo EDGE de sustentabilidade, marcando a expansão orgânica da Vamos no agronegócio.
No geral, Moscatelli destaca que a base do case da Vamos segue bastante sólida, com o Brasil ainda contando com muito espaço para renovação de frota. A de caminhões, apesar de renovação recente, é ainda uma das mais velhas do mundo, com idade média de 20 anos.
“Há uma necessidade de renovação muito grande, sem contar a expansão de frota em muitos segmentos que estão crescendo na economia brasileira. Então vemos oportunidades para renovar a frota com nosso modelo de negócios, de locação de ativos e expansão da frota das empresas”, reforça.