Cabify diz ser a primeira empresa de ride sharing lucrativa do mundo

O aplicativo de ride sharing Cabify anunciou que alcançou lucro no quarto trimestre de 2019. A empresa espanhola é a primeira nesse mercado, dominado pela chinesa Didi (representada no Brasil pela 99) e pela americana Uber, a comemorar resultados positivos. “Agora o negócio pode se sustentar e sobreviver”, afirmou Juan de Antonio, fundador e CEO do grupo, ao jornal britânico Financial Times. “O que está acontecendo no resto da indústria é muito diferente… É uma conquista única”.

No último trimestre de 2019, a Cabify reportou receita de US$ 29 milhões. Com isso, obteve EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 3 milhões entre outubro e dezembro.

Segundo o fundador, a companhia “está pronta para ser gerida como uma empresa aberta” – obrigada a divulgar balanços detalhados e sujeita à mudança de humor de investidores.

No ano passado, as americanas Lyft e Uber abriram seu capital, mas ambas obtiveram valor de mercado abaixo do que esperavam na operação. E depois da abertura, amargaram a desvalorização de seus papéis. A Lyft, por exemplo, teve sua ação precificada em US$ 78 quando abriu o capital, em março. Hoje, seus papéis são negociados a US$ 48. As ações da Uber também passaram por uma desvalorização desde o IPO — os papéis foram de US$ 41 em maio para US$ 37 hoje.

 

 

Em valor de mercado, Uber (US$ 64,2 bilhões) e Lyft (US$ 14,3 bilhões) são muito maiores do que a Cabify. Primeiro unicórnio da Espanha, a startup foi avaliada em US$ 1,4 bilhão na última rodada de investimentos que recebeu, em 2018.

A Cabify afirma que conseguiu ganhar dinheiro ao oferecer descontos de forma mais eficiente. Diferentemente de Didi/99 e Uber, não atua na China ou nos Estados Unidos. Está na Espanha e em países da América Latina, como México, Argentina, Chile, Uruguai e Brasil. Mesmo nesses países, não atua em todo lugar. Aqui, está limitada a São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Campinas e Santos.

Em vez de batalhar por preço, como fazem Uber e 99, a Cabify investe em imagem. A empresa paga compensação pela emissão de carbono de suas corridas e tem incentivos a implantação de carros elétricos.

A Cabify desafia uma aposta comum na gig economy: perder dinheiro e ganhar grandes fatias do mercado, para lucrar quando houver menos concorrentes. “Uma hipótese por trás dessa ideia de crescer por crescer é que o vencedor ganha o mercado todo, um monopólio natural”, diz Juan. “Mas, na verdade, ter 40% do de participação não traz muito mais vantagens do que ter 20%”.

 

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