Chinesa Didi, dona do app 99 no Brasil, levanta US$ 4,4 bi em IPO e chega a valor de mercado de US$ 80 bi
É a segunda maior abertura de capital de uma empresa da China em Wall Street, depois do Alibaba em 2014
A empresa chinesa de transporte on-line Didi Global, dona do app 99 no Brasil, levantou US$ 4,4 bilhões em seu IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) nos EUA. A listagem consiste na maior venda de ações dos EUA por uma empresa chinesa desde que o Alibaba arrecadou US$ 25 bilhões em 2014.
A Didi vendeu 316,8 milhões de American Depository Shares (ADS), contra os 288 milhões planejados, a US$ 14 cada.
Isso deu à companhia chinesa uma avaliação inicial de cerca de US$ 73 bilhões. Mas as ações continuaram subindo e, no início da tarde, já apresentavam um salto de 19%, a US$ 16,65, o que elevou o valor de mercado da Didi para US$ 80 bilhões.
A decisão de aumentar o tamanho do negócio veio depois que a carteira de pedidos de investidores se multiplicou, disse uma fonte. O IPO de Didi foi mais conservador em relação ao seu objetivo inicial de uma avaliação de até US$ 100 bilhões.
Os investidores hesitaram quanto à meta de US$ 100 bilhões por temerem que as perspectivas de crescimento da empresa poderiam sofrer restrições no futuro por uma maior regulamentação do setor de aplicativos on-line de transporte.
Também havia incerteza sobre como uma investigação antitruste sobre a Didi, revelada pela mídia neste mês, impactaria os negócios. A Didi disse então que não comentaria sobre “especulações infundadas de fontes não identificadas”.
Fundada por ex-funcionário do Alibaba
Didi foi cofundada em 2012 pelo ex-funcionário do Alibaba Will Wei Cheng, que atualmente atua como CEO da empresa. Depois, a Cheng juntou-se Jean Qing Liu, ex-banqueira do Goldman Sachs e atual presidente da Didi.
A empresa conta com SoftBank, Uber Technologies Inc e Tencent como seus principais apoiadores.
O app brasileiro 99, que pertence à gigante chinesa Foto: Reprodução
A Didi ficou conhecida por tirar o Uber do mercado chinês depois que a empresa americana perdeu uma guerra de preços e acabou vendendo suas operações na China para a rival chinesa por uma participação. Liu Zhen, o chefe do Uber China na época, é primo do Liu da Didi.
Didi é o player dominante em seu setor na China, embora os serviços de transporte on-line de montadoras como Geely e SAIC Motor estejam ganhando participação de mercado. Na Europa e na América do Sul, onde a Didi está se expandindo, ela concorre com o Uber.
Como a maioria dos apps de transporte, a Didi historicamente operava no vermelho, até reportar um lucro de US$ 30 milhões no primeiro trimestre deste ano.
A empresa informou um prejuízo de US$ 1,6 bilhão no ano passado e uma queda de 8% na receita, para US$ 21,63 bilhões, de acordo com um documento regulatório, conforme os negócios diminuíram durante a pandemia de coronavírus.
Fonte: oglobo.globo.com