Empresas fazem mapas 3D para carros que dispensam motorista
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É assim que carros autônomos enxergam: mapas 3D são necessários para navegação
Após passar da coleta de dados a pé para veículos equipados com sensores, uma empresa japonesa que começou produzindo listas de casas de banho públicas está entrando para o mundo da direção autônoma.
A Zenrin, maior fabricante de mapas do Japão, que conta com Google e Toyota como clientes, pretende utilizar seu conhecimento sobre a topografia do Japão, aprimorado em sete décadas de operação.
Para manter sua vantagem e afastar a concorrência a empresa está trabalhando em um sistema capaz de traduzir informações coletadas por veículos com câmeras e outros equipamentos em tempo real.
Essa capacidade é essencial para o desenvolvimento de mapas para carros autônomos que fabricantes de veículos japonesas como Nissan e Toyota visam lançar após 2020.
A Zenrin se une a empresas como Google, Mobileye e Here (adquirida da Nokia pelo trio Audi, BMW e Mercedes) em uma corrida para desenvolver sistemas que oferecem orientação precisa e contextualizada para os veículos autônomos.
Com esse novo impulso, a empresa espera ter um motor de crescimento no momento em que a concorrência reduz a receita de seus principais negócios, como serviços de mapas para smartphones e mapas de navegação para carros.
Por dentro do carro autônomo – 12 vídeos
Mapa é fundamental
A tecnologia de mapeamento é um dos maiores obstáculos técnicos enfrentados pelos carros autônomos, segundo Carlos Ghosn, chefão da Nissan e da Renault.
Diferentemente dos mapas tradicionais usados na navegação atual dos carros, que dependem de uma base de dados pré-instalada, os mapas para a direção autônoma precisam de atualizações em tempo real, inclusive de condições de trânsito e informações rodoviárias precisas, como fechamentos e novas sinalizações.
“Existe uma enorme diferença entre produzir os mapas de navegação atuais e os mapas para direção autônoma”, disse o presidente da Zenrin, Zenshi Takayama, na sede da empresa, em Tóquio. “É como comparar as escaladas do Monte Fuji e do Monte Everest”.
Esses esforços estão sendo intensificados. Fabricantes de veículos de todo o mundo trabalham na tecnologia para transformar os carros autônomos em realidade.
A previsão é que até 12 milhões de carro autônomos sejam vendidos globalmente em 2035 e que respondam por cerca de 10% das vendas totais de carros, segundo a IHS Automotive.
Tecnologias avançadas
“Não importa quão completa é sua base de dados de mapas atual, não é possível colocar tudo lá e as capacidades de aprendizagem profunda em tempo real são essenciais para a direção autônoma”, disse Zhou Lei, sócio da Deloitte Tohmatsu Consulting em Tóquio.
“Para competir com os rivais que surgem, especialmente estreantes como a Mobileye, a Zenrin também precisa de tecnologias avançadas de ciência da computação”.
A Zenrin pretende desenvolver um sistema para produzir mapas tridimensionais automaticamente a partir dos conjuntos de dados gerados pelos veículos munidos com vários equipamentos de detecção.
O objetivo é ter um sistema que será atualizado com informações frescas, segundo Tomoki Yamaguchi, porta-voz da produtora de mapas. A Zenrin, que está usando dados coletados por equipamentos de outras empresas, não forneceu mais detalhes sobre como planeja coletar informações em tempo real.
“Se usamos apenas um monitor para carros só conseguiremos obter as mesmas informações de todos os demais — não temos nenhuma vantagem”, disse Takayama. “Você ainda precisa do conhecimento para transformar os dados em mapas”.
A corrida para desenvolver mapas para carros autônomos se intensificará à medida que mais empresas entrarem no jogo, segundo Zhou, da Deloitte.
“Um veículo de direção autônoma sem bons mapas é como um ser humano sem parte do cérebro — não vai funcionar”, disse Zhou. “É preciso fornecer ao carro toda a informação necessária para que ele trafegue de forma autônoma e o mapa é parte essencial disso”.
Fonte: UOL Carros