Locamerica prepara integração com Unidas
A Locamerica, que anunciou em 29 de dezembro fusão com a Unidas, inicia a integração das duas operações em 15 dias e planeja concluir esse processo em dez meses, disse ao Valor o presidente da Locamerica, Luis Fernando Porto.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já aprovou o negócio de R$ 988,5 milhões, que criou a segunda maior locadora de veículos país, só perdendo para a Localiza.
Luis Fernando Porto, presidente da Locamerica: ”O desafio é que esse movimento (integração das duas empresas] não faça a companhia perder agilidade”
Em despacho publicado no “Diário Oficial da União” (DOU), a Superintendência Geral do órgão identificou que ambas as empresas atuam nas “atividades de terceirização de frotas e comercialização de veículos usados no atacado e no varejo”. “Não há sobreposição no mercado de locação de veículos de balcão em virtude da Locamerica não possuir atuação nesse segmento”, apontou o relatório.
“Foi uma aprovação rápida”, comemorou Porto. O executivo contou que já foram contratadas quatro consultorias para identificar oportunidades de sinergias e definir caminhos para a integração. “Teremos uma consultoria para marca, outra para gestão, uma para pessoas e outra para TI”, afirmou o executivo, referindo-se, respectivamente, às firmas Kantar Vermeer, Gradus Consultoria, We People e Lozinsky.
“Teremos um prazo de 60 dias para planejamento e mais oito meses para execução”, disse o presidente da Locamerica. Após o trabalho das consultorias é que serão tomadas decisões como, por exemplo, qual será a marca, ou marcas, que a nova locadora combinada vai usar após concluída a integração.
A Locamerica e a Unidas vão formar um comitê de integração, formado pelo próprio Porto, pelo presidente da Unidas, Carlos Sarquis, e pelo diretor de novos negócios da Locamerica, Dirley Ricci. Este era o dono da Auto Ricci, comprada pela Locamerica em março de 2017.
Esse comitê receberá e votará recomendações de uma equipe de 30 a 40 executivos, entre diretores e gerentes seniores das duas empresas, responsáveis pela definição das ações que devem ser tomadas. “O desafio é que esse movimento [integração das duas empresas] não faça a companhia perder agilidade”, disse Porto.
Segundo ele, o foco da Locamerica em 2018 será a integração. Ele calcula que o tamanho da frota combinada das duas empresas, deve encerrar o ano ao redor dos atuais 100 mil veículos. A Localiza tem 185 mil.
Haverá renovação de parte da frota combinada, entre 20% e 35% dos carros. E nessas compras, Locamerica e Unidas já negociarão conjuntamente com as montadoras. “Aqui é um bom exemplo de ações combinadas que já faremos, independentemente da integração”, disse Porto, que descartou novas aquisições neste ano.
Segundo ele, a estrutura de acionistas da empresa está definida. Após a fusão, os atuais controladores da Locamerica – Luis Fernando Porto, Sergio Guerra de Resende, e a RCC Participações Sociais passarão a deter 39,2% da operação combinada. Os controladores da Unidas – o grupo português Principal, e a americana Enterprise ficaram com 25,2%. Os fundos de private equity Gávea, Vinci e Kinea, que participavam do grupo de controle da Unidas, saem totalmente da operação.
Do lado da Locamerica também houve saída de fundos, quando o Votorantim vendeu em leilão realizado na bolsa B3 um lote de 4,04 milhões de ações, numa transação de cerca de R$ 76 milhões. “O Votorantim era o private equity da companhia, que estava conosco desde 2008”, contou Porto. Segundo ele, essa fatia foi vendida no mercado para vários investidores.
Fonte: Valor Econômico | Por João José Oliveira | De São Paulo – 26/01/2018 – 05h00