Movida: mercado de seminovos deve melhorar com a retomada de crédito
O presidente da locadora de carros Movida, Gustavo Moscatelli, disse que o mercado de crédito a clientes tem melhorado nos últimos 45 dias. Esse cenário pode dar sustentação ao segmento de seminovos, que tem sido bastante prejudicado pelo fato de o consumidor não conseguir aprovação para a compra de veículos.
“Nos primeiros nove meses o crédito estava mais restrito. Vemos melhora na aprovação das fichas nos últimos 45 dias. Temos notícias de que bancos estão reduzindo taxa e melhorando acesso aos crédito. Mas não é algo que vai fazer o negócio mudar da noite por dia”, disse, em teleconferência.
Moscatelli disse que o mercado de seminovos continua duro diante do cenário de crédito mais restrito. Mas a estimativa é de melhora de agora para frente.
A empresa registrou uma margem Ebitda no segmento de seminovos de 3% no terceiro trimestre, contra 9,7% em igual período de um ano antes, em meio a uma normalização do setor após os desafios da pandemia.
Para o ano que vem, Moscatelli disse não ver impedimento para a empresa crescer sua frota entre 10% e 15%, dado o atual cenário econômico e de balanço.
“Com o cenário que a gente tem de visibilidade macro e mercado, levando em consideração o balaço, não vejo problemas de a companhia crescer por volta de 10% a 15% no ano que vem”, disse, ponderando que a empresa ainda não tem uma meta formal para o período.
Entre os suportes para a empresa no ano que vem está a força do segmento de gestão e terceirização de frotas, assim como ajustes no negócio de aluguel de carros.
O cenário traçado de crescimento, segundo o executivo, deverá manter a empresa perto das vezes 3 de alavancagem que está agora.
Questionado por analistas acerca do cenário para a tarifa de locação no quarto trimestre, o executivo disse ver a diária média no RAC em linha ou “um pouco melhor” do que a reportada no terceiro trimestre, sobretudo diante da sazonalidade positiva de dezembro.
“Não vejo tarifa mudando muito contra o que tivemos no terceiro trimestre. Temos uma dinâmica saudável no ponto de vista concorrencial”, disse.
A empresa fechou o terceiro trimestre com uma diária média no RAC de R$ 125, alta de 0,9% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, mas abaixo dos R$ 129 em igual trimestre de 2022.
Condições de compra com montadoras estão parecidas com pré-pandemia
Moscatelli disse que as negociações com montadoras estão voltando a patamares do pré-pandemia. O cenário colabora para melhores descontos, entregas e prazos de pagamento.
“O que posso abrir é que as condições comerciais estão parecidas e em algumas montadoras iguais ao período pré-pandemia. Isso naturalmente vai se refletir nos resultados da companhia.”
Ele destacou que o grupo já tem conversas avançadas com três montadoras para o ano que vem e que representam entre 50% e 60% das compras.
“As condições no segundo semestre (deste ano) já tiveram uma ligeira melhora. Não em prazo, mas em desconto”. Para atingir o mix da frota ideal em 2023, a empresa espera trocar mais de 6,1 mil carros no último trimestre. “Essa mudança vai trazer grandes benefícios, como redução no tíquete médio, aumento no yield marginal, e melhor alocação de capital”, disse.
A empresa ainda tende a ter uma redução na depreciação por carro e no custo de manutenção. Uma vez que os carros mais baratos têm um custo de manutenção menor. A melhora no mix, acrescentou, tende a facilitar a venda de seminovos.
A empresa espera reduzir o tíquete médio de aquisição dos veículos para a casa de R$ 78 mil no quarto trimestre. O que representa uma queda de 8% contra o quarto trimestre de 2022. No terceiro trimestre deste ano o indicador ficou em R$ 81 mil.
Fonte: valor.globo.com