Simpar (SIMH3) cresce com Movida, Vamos e JSL – e pode colocar mais empresas na Bolsa, diz CFO

A Simpar (SIMH3), holding que controla sete empresas – entre elas a Movida (MOVI3), a Vamos (VAMO3) e a JSL Logística (JSLG3), listadas na Bolsa -, tem se beneficiado dos fortes resultados de suas subsidiárias, além de sua acelerada agenda de aquisições, e apresentado crescimento trimestre após trimestre.

 

De acordo com o balanço publicado na noite de quinta-feira (4), a holding fechou o segundo trimestre deste ano com receita de R$ 5,5 bilhões, alta de 73% na comparação com o mesmo período do ano passado – e o grosso desse faturamento vem justamente de suas subsidiárias de capital aberto.

A locadora de veículos Movida registrou receita de R$ 2,31 bilhões, o que corresponde a cerca 42% da receita total da Simpar, a companhia de logística JSL faturou R$ 1,44 bilhão, equivalente a 26%, e a locadora de veículos pesados Vamos teve receita de R$ 1,2 bilhão, 22% do total.

Apesar de essas três empresas serem responsáveis pela maior parte dos resultados, outras subsidiárias da Simpar vêm registrando crescimento relevante – e podem ter seu capital aberto no futuro, de acordo com Denys Ferrez, CFO da holding.

“Temos pelo menos duas [empresas] ganhando tamanho de maneira importante e acelerada. A mais acelerada, ao que tudo indica, está sendo a Automob, mas também tivemos crescimento importante do lado da CS Infra. Acho que existe uma possibilidade [de abrir capital]”, afirmou o executivo, em entrevista à Agência TradeMap.

A Automob opera uma rede de concessionárias de veículos, enquanto a CS Infra atua com um portfólio de concessões de prestação de serviços de infraestrutura.

Outro motor dos resultados da Simpar tem sido sua agenda de aquisições. Apenas neste trimestre, a companhia adquiriu a rede de concessionárias Green e a Truckpad, plataforma de serviços tecnológicos no setor de logística.

E isso, segundo Ferrez, não deve mudar daqui para frente. “[A estratégia de crescer por meio de aquisições] continua firme. Acho que ela é muito válida na área de logística, pela característica de pulverização. Mas acho que também no lado de automóvel existe uma pulverização grande. Não é que não possa haver aquisições nas outras empresas, mas a probabilidade para estas é muito mais alta”, declara.

Confira a seguir a entrevista completa com Denys Ferrez, CFO da Simpar.

Quais vocês consideram os destaques do resultado?

Temos um conjunto de destaques estratégicos, como o upgrade da agência de rating Fitch, que eu considero o início de um processo. A Fitch está reconhecendo a resiliência do nosso negócio, do nosso portfólio, dentro da realidade brasileira, depois de termos passado por tantas crises. Foi a primeira agência a fazer esse movimento. Vamos trabalhar firme para termos o mesmo das demais, e isso vai permeando a percepção do mercado como um todo.

Tivemos o lançamento da Automob durante o Simpar Day, que como vertical de potencial criação de valor é muito importante. Junto com isso temos as aquisições. Uma delas é a Green Automóveis, feita no trimestre. Temos a Truckpad, que é uma plataforma tecnológica que acelera não só a digitalização da JSL, mas também abre uma nova oportunidade de oferta de serviços

Na parte de Vamos, que tem exposição ao agronegócio, que está bombando, abrimos a maior concessionária das Américas da marca FENDT. Enfim, estamos com uma aliança com um fabricante bastante interessante e crescendo no agronegócio.

Do lado dos números, por consequência dos investimentos, a receita líquida cresceu 73%. Lembrando que parte dos nossos investimentos não contribuiu com o resultado. Devemos ter investido no segundo trimestre algo como R$ 3,8 bilhões, o que é 1,7 vez maior do que no mesmo período do ano passado. O Ebitda evoluiu mais rápido, foi quase o dobro do que fizemos no outro período.

As despesas financeiras impactaram o lucro. O que vocês estão fazendo para lidar com isso?

Todo mundo sabe o que está acontecendo com os juros no país, e aqui não é diferente. Mas a elevação das despesas financeiras teve naturezas distintas. Tivemos, por um lado, esse investimento que não contribuiu com o resultado, mas uma parte já está no balanço patrimonial e afeta as despesas financeiras.

Temos também a frente de expansão de alguns negócios, para transformá-los em algo material, através de M&A. Esse é um outro incremento de despesas. E, por fim, temos os juros propriamente ditos. O CDI do segundo trimestre de 2022, versus o mesmo período do ano anterior, é quatro vezes maior, média contra média.

A Simpar tem dentro de sua estrutura contratual a possibilidade de repassar isso, de um lado. De outro temos as negociações com os clientes. Isso existe em diferentes graus dentro das nossas diferentes empresas, mas está acontecendo. É lógico que sempre acontece um pouco atrás da curva, mas está acontecendo e estamos tranquilos com esse processo. Não é que ele acabou, mas eu acho que está muito bem encaminhado.

 

Do lado operacional, como está sendo o processo de integração das últimas aquisições?

Achamos que as pessoas fazem a diferença. Então, quando fazemos essas aquisições, prezamos por preservar as pessoas. Dito isso, temos mantido as empresas adquiridas de forma independente, preservando sua atuação, e agregando benefícios sem descontinuar a maneira como elas são tocadas. Olhamos, negociamos muito e fizemos aquisição de boas empresas, não temos uma tese do turnaround. Então as empresas são boas e bem tocadas.

Do lado da logística, as empresas adquiridas, que já estão há mais tempo, estão indo super bem. Elas cresceram, organicamente, cerca de 35%.

Algumas aquisições ainda não foram incorporadas nos resultados deste trimestre. Quando isso deve acontecer e qual deve ser o valor gerado?

Dentro do business de varejo de automóvel, ainda não temos a UAB Motors, a Autostar e a Green nos resultados. De quatro aquisições, só tem a Sagamar.

Pensando no cronograma que o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] aprovou, acho que UAB deve entrar no terceiro trimestre, mas a Green e a Autostar podem ficar para o quarto.

Falando em números, a nossa operação inicial mais a Sagamar, que entrou na contabilidade, representaria R$ 1,5 bilhão de receita líquida em base anual. Essas demais nos levariam a R$ 5,1 bilhões. Ainda estamos com 75% do lado de fora.

Há mais aquisições à vista?

A atividade é constante e o diálogo está sempre aberto em diferentes frentes. Mas não temos nada de concreto para apontar nesse momento.

Mas a estratégia de crescer por meio de aquisição continua firme?

Continua firme. Acho que ela é muito válida na área de logística, pela característica de pulverização. Mas acho que também no lado de automóvel existe uma pulverização grande. Não é que não possa haver aquisições nas outras empresas, mas a probabilidade para estas é muito mais alta.

As três subsidiárias de capital aberto da Simpar têm registrado bons resultados. Há planos para abrir capital de mais alguma? Existem conversas avançadas nesse sentido?

Conversa avançada não temos. Nós temos sete empresas controladas, três abertas. Temos pelo menos duas que estão ganhando tamanho de maneira importante e acelerada. A mais acelerada, ao que tudo indica, está sendo a Automob, mas também tivemos crescimento importante do lado da CS Infra.

Acho que existe uma possibilidade. Sem dúvida nenhuma, vamos ganhando mais confiança à medida em que ganhamos mais massa crítica.

A opcionalidade começa a existir de maneira mais verdadeira, mais tangível. Acho que é isso que estamos construindo nessas duas verticais e, no ritmo atual, certamente entre hoje e três anos poderíamos ter uma massa crítica mais do que suficiente para avaliar isso.

O Capex cresceu muito com os investimentos. Quais são as expectativas para os próximos trimestres?

Temos momentos distintos nos negócios. A Vamos está usufruindo de um mercado que está só iniciando. Antigamente, ou você comprava, ou você não tinha um caminhão. Agora você tem a opção economicamente mais viável, de alugar. A Vamos tem colocado um ritmo cada vez mais acelerado [de crescimento]. Em três anos, a originação cresceu cinco vezes, e acho que isso continua.

Temos também a Movida, que teve um crescimento brutal nos últimos um ano e pouco. Durante a pandemia, primeiro ela fez uma redução de frota, para depois fazer uma expansão e terminar o trimestre com mais de 200 mil carros.

Acho que agora a Movida continua a se desenvolver, mas de uma forma mais moderada, buscando as oportunidades de focar em ganho de eficiência e digerir esse crescimento. Acho que essa vai ser a tônica.

Na logística, tem uma coisa que eu tenho achado bastante interessante. Diferentemente da economia, a JSL está entregando um ritmo de crescimento orgânico bastante forte. Foram cerca de R$ 1,4 bilhão de receitas em novos contratos no segundo trimestre de 2022.

Toda vez em que há uma situação creditícia ou financeira mais apertada na economia, os clientes querem racionalizar seus recursos, focando em seu core business. E não existem tantos provedores de serviço logístico com capacidade de fazer esse investimento. Então tem sido uma grande oportunidade suportar o nosso cliente nessa busca por foco na utilização do recurso. Estamos crescendo mais do que a indústria.

Cada empresa tem momentos diferentes, mas a tendência é continuar o desenvolvimento. A Movida, até aqui, foi o maior tomador de Capex dos últimos anos. Não digo que isso irá mudar nesse ano, mas vai dar uma moderada.

Quais são as expectativas para os próximos trimestres?

Acho que o dever de casa de ir buscando navegar nesse cenário inflacionário e de taxa de juros alta continuou a ser feito de uma forma assertiva. Tenho a expectativa que a Simpar continue a fazer isso, olhando não só para fora, mas também para dentro de casa, buscando a utilização dos nossos próprios recursos, evitando aumentar os gastos. Mas eu acho que o grupo está consciente desse desafio e da necessidade da continuidade desse trabalho. Estamos bastante animados.

Simpar holding que controla sete empresas
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