Carros populares terão locadoras e frotistas como principais clientes, aponta GWM
GWM: pacote de incentivos não gera interesse no carro popular. Empresa aponta que medidas de estímulo às montadoras não vão mudar a direção do mercado automotivo
O pacote de incentivos anunciado pelo governo federal às montadoras de veículos terá efeito pontual. E não vão elevar o interesse pelo carro elétrico no longo prazo. A análise é de Oswaldo Ramos, CCO da GWM Brasil. Segundo ele, a medida causa um movimento pontual. Isso sem alterar a direção para a qual o interesse do consumidor tem evoluído.
“Quem tem R$ 100 mil hoje não quer um carro popular zero quilômetro. Prefere investir em um seminovo com mais tecnologia e recursos. Os automóveis mais simples seguirão tendo frotistas, motoristas de aplicativos e locadoras como principais clientes, não o consumidor final”, observa o executivo.
O executivo participou de debate durando o Simpósio SAE Brasil de Veículos Elétricos e Híbridos na terça-feira, 13, em São Paulo. A GWM vai atuar no país com a oferta de veículos intermediários. Terão mais conteúdo tecnológico e, portanto, não terá acesso aos incentivos governamentais recém-anunciados.
Carros populares precisam de mais para crescer nas vendas
As vendas de veículos registradas na primeira semana de vigência dos incentivos dão sinal de que o executivo pode estar certo. Houve queda no volume total de emplacamentos e os carros populares estão longe de dominar a lista dos modelos mais vendidos.
Ramos lembra que a classe média está com a renda apertada, já muito comprometida. E, portanto, enfrenta dificuldade de comprar um carro novo, mesmo com o pacote de estímulos.
“Quem tem poder aquisitivo nesse contexto, quer um veículo melhor”, acredita o executivo da GWM, montadora cujo modelo mais barato no mercado brasileiro, o Haval H6, parte dos R$ 214 mil.
Para o executivo da GWM, a única medida capaz de alterar de forma mais profunda a dinâmica hoje estabelecida no mercado seria a reforma tributária. Tão sonhada pela indústria automotiva. Segundo ele, a simplificação da cobrança de impostos no Brasil poderia gerar uma redução de custos efetiva para o consumidor. O que tornaria os carros de entrada acessíveis a uma nova camada da população. Um bem, enfim, mais popular.