Cresce serviço de aluguel de carros por assinatura

Flua!, a empresa da Stellantis, está presente em 16 estados, inclusive na Bahia

 

O hábito de assinar produtos ou serviços cresce no Brasil. Para se ter ideia, os clubes de assinatura que eram de 300 empresas em 2014 foram para mais de quatro mil em 2020. No primeiro trimestre de 2021, os clubes cresceram 32%. Ou seja, pela conveniência, assinar a ração do cachorro, as cápsulas de café, o vinho e o streaming de TV tornou-se praticamente uma necessidade.

Até o carro, que é um produto de maior valor agregado, torna-se cada vez mais alvo de assinaturas: além das tradicionais locadoras, que já há algum tempo captaram esse interesse, startups, concessionárias e as próprias montadoras diversificam seus negócios para atender a essa nova demanda.

Especialistas afirmam que o interesse se dá por conta das mudanças de comportamento dos consumidores, que passam a alugar carros por mais tempo, em vez de comprá-los, e à crescente quantidade de locações para motoristas de aplicativos.

“O carro por assinatura representa ter menos dores de cabeça, já que não há preocupação e gastos com seguro, manutenção, revisões, tributos e principalmente na hora de vender o veículo”, avalia Paulo Miguel Junior, presidente da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).

Novo nicho

Para Miguel Junior, a modalidade está se consolidando de maneira semelhante a outros serviços do gênero, a exemplo do streaming, formato que conquistou o mercado audiovisual de filmes e seriados. “É um novo nicho no aluguel de carros, que chama a atenção principalmente de pessoas que valorizam mais o uso que a posse”. Para o executivo, é uma mudança de cultura e que “rapidamente cai no gosto do brasileiro”.

Guilherme Cavalcante, CEO e fundador da UCorp.app, startup de tecnologia e soluções de mobilidade corporativa, lembra que, com a assinatura, o usuário não precisa se preocupar com documentação, seguro e manutenção do carro. É ideal para quem deseja trocar de modelo com frequência. Os contratos podem ser tanto para pessoas físicas como para empresas que desejam otimizar e administrar melhor sua frota de veículos.

O valor da assinatura é mais competitivo do que o aluguel convencional de carros, porque tem um valor fixo mensal, que inclui impostos e custos de manutenção. E, claro, não se preocupar com a desvalorização do carro, “que chega a ser de até 30% após um ano de compra”, conta Cavalcante.

Calcular custo

Independentemente de ser tendência ou não, o consumidor precisa, antes de tudo, avaliar suas necessidades: quanto precisa rodar e os custos. Ter um carro assinado, ou seja, por pelo menos um ano, é um compromisso de longo prazo que precisa ser cumprido, sob pena de multas.

A modalidade embute uma série de gastos, mas o usuário deve contar que terá despesas com combustível, estacionamentos, lavagens e pedágios, entre outros. E ficar atento, caso tenha franquia de quilometragem, para não pagar a mais com isso.

Pesquisa

Uma pesquisa realizada pela plataforma Webmotors, e divulgada pela Anfavea, indica que a adesão às assinaturas ainda é baixa, mas crescente. Cerca de 36% dos entrevistados que possuem carro e estão interessados em trocá-lo nos próximos meses disseram que assinariam um veículo – 29% “provavelmente” e 7% “com certeza”. Desses atuais proprietários, 64% não consideram a assinatura.

Da outra camada de entrevistados que não possui hoje um veículo, mas pretende ter, cai para 59% a recusa. Outros 32% provavelmente assinariam e 9%, com certeza. A plataforma chama a atenção que os jovens entre 18 e 25 anos são os mais abertos a essa modalidade.

Importante ressaltar que não é apenas a assinatura uma opção com menos adesão. É que a modalidade só é oferecida a veículos novos, e da projeção de intenções de compra da Webmotors apenas 16% têm interesse em modelos novos.

Mobi Trekking: modelo da Fiat mais procurado para assinatura

Programas disponíveis em vários estados

As montadoras aceleram suas plataformas de assinatura. A Stellantis, por exemplo, expande sua estratégia da Flua! – empresa de mobilidade do grupo, que cresceu para 16 estados, incluindo a Bahia.

“A crescente demanda acelerou nosso cronograma de expansão, e, com base nos aprendizados obtidos, ocorreram diversas evoluções na jornada do cliente. Agora, estamos oferecendo ainda mais praticidade e conveniência para os consumidores”, afirma Fábio Siracusa, head de operações da Flua!

Na experiência com São Paulo e Paraná – até onde atuava o projeto-piloto da Flua! –, Siracusa observou que este cliente não tem apego à propriedade, é bastante tecnológico, quer ter liberdade de escolhas e tranquilidade com previsibilidade de custo.

O portfólio cresceu com a inclusão do Mobi Trekking, que é o modelo Fiat mais negociado. Já entre os modelos da Jeep, o mais procurado é o Compass Longitude. As mensalidades são fixas e partem de R$ R$ 1.199, conforme plano e modelo, com documentos, seguro com rastreador, revisões, assistência 24 horas incluídos.

Mais recentemente Ford e Mitsubishi anunciaram planos similares, se juntando a outras marcas que já ofereciam – Audi, Volkswagen, Renault e Toyota/Lexus também se dedicam à modalidade.

Fonte: atarde.uol.com.br

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