Locação de veículos tem destaque no turismo corporativo

Locação de veículos tem destaque com alta de 104% no turismo corporativo 
Turismo corporativo está em alta, mesmo com popularização de reuniões online

Nenhuma chamada de vídeo ainda foi suficiente para tomar o lugar da conversa ao vivo com um cafezinho, do aperto de mão e da troca despretensiosa de sorrisos, após descobrirem a torcida para o mesmo time. Dessa forma, na contramão das previsões pós-pandemia, as reuniões online não tomaram o lugar das viagens a negócios e o turismo corporativo nunca esteve tão em alta. De acordo com dados da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), o setor registrou um faturamento de R$ 1,2 bilhão no mês de agosto, um crescimento de 21,7% em relação ao mesmo mês de 2019, antes da pandemia. Entre as áreas de destaque, estão a locação de veículos, com alta de 104%, de hotéis, com 34%, e dos serviços aéreos, com 16,5%.

Para Humberto Machado, diretor executivo da Abracorp, o resultado até o momento mostra a plena recuperação do setor em 2023, a retomada forte das viagens corporativas e dos eventos corporativos, que estavam muitos represados, e uma tendência positiva para os últimos seis meses do ano.

Eduardo Junqueira, diretor executivo da mineira Belvitur, holding de turismo que tem 60% do seu faturamento com viagens corporativas, prevê um crescimento de quase 32% em 2023 comparado ao ano anterior. Para ele, há vários pontos que justificam esse crescimento substancial do segmento, mas entre os principais estão a saturação da tela após a pandemia e a tendência mundial do ‘bleasure’, conceito que inclui períodos de lazer em viagens a negócios. “Além disso, o ser humano é relacional, o virtual não te dá isso com a intensidade que pedimos. E o quarto ponto é que o cliente quer que você esteja presente; próximo dele”, diz.

Por mês, a Belvitur atende cerca de 500 clientes corporativos.

Segundo Junqueira, nem mesmo o alto valor das passagens aéreas tem feito com que os empresários desistam das viagens. “O que fazemos é a compra antecipada. As ferramentas de IA (Inteligência Artificial) apontam a necessidade de planejamento prévio. É uma das formas de driblar [as tarifas mais altas]”, explica.

Junqueira diz que, ao olhar o orçamento 2024, já existe no mercado uma expectativa de queda do movimento de ascensão das tarifas, com a redução da taxa básica de juros. Em síntise, ele pondera que o recuo pode apenas esbarrar no custo do barril de petróleo, que afeta o preço da querosene de aviação.

O diretor da Belvitur acredita que nos próximos anos o segmento deve olhar cada vez mais para o conceito de ‘duty of care’ (dever de cuidar, em inglês), que traz uma maior preocupação com o bem-estar, saúde e segurança dos trabalhadores enquanto estão viajando a trabalho. “Antes, [a viagem corporativa] era focada no custo, mas agora é um instrumento de atração de pessoas”, resume.

Ponte aérea BH/SP sai por até R$ 3 mil

Numa rápida pesquisa no Google Fligths, ferramenta online de pesquisa de voos, uma passagem apenas de ida para São Paulo, em suma pode custar até R$ 3 mil se comprada de última hora. Diante das altas tarifas, uma saída encontrada por algumas empresas é o transporte rodoviário, que cresceu 188% entre janeiro e agosto de 2023 em comparação ao mesmo período de 2019, pré-pandemia.

Patrícia Saraiva, de 49 anos, proprietária da Patrícia Saraiva Travel, atende quatro grandes empresas em sua agência, do setor de decoração e direito. Ela conta que os clientes nem costumavam analisar os valores e já pediam para emitir passagens. “Agora, alguns viajam na noite anterior para ir de ônibus. Já vendi BH/Porto Alegre por R$ 5 mil ida e volta. É muito oneroso para o cliente. As passagens aéreas domésticas aumentaram muito”, lamenta.

Segundo Alexandre Brandão, vice-presidente da Agência Brasileira de Viagens de Minas Gerais (Abav-MG), entre os motivos apontados para os voos tão caros está a grande ocupação das aeronaves, o índice alto de imposto sobre a aviação e o custo geral do combustível, que é elevado e acaba sendo repassado para o passageiro.

“Não tem sentido pagar R$ 2.800 para Bogotá e R$ 4 mil para Brasília.  O governo já está estudando um meio para melhorar os preços das passagens aéreas. Estão achando absurdo”, comenta.

Hotel em Confins prevê até 90% de ocupação em 2023

Segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), afinal só a área da hotelaria cresceu 34% no setor de viagens corporativas no mês de agosto, em comparação ao mesmo período de 2022.

O Linx Confins, que fica ao lado do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, foi inaugurado em 2016 justamente para atender o público com perfil corporativo. Desse modo, esse público passa pelo terminal e vem para a cidade para os negócios.

Segundo, Daniel Bressan, de 42 anos, diretor comercial e rentabilidade do Grupo Wish, a qual o Linx faz parte, foi de fato evidente o incremento do mercado de negócios. “Hoje o hotel gira em torno de 88% de ocupação acumulado no ano, com o segmento corporativo sendo um dos principais”, destaca. Mas a previsão, segundo ele, é que até o fim do ano, este índice suba para 90%. “Este é um número recorde de ocupação. Em um cenário pré-pandemia, tínhamos uma ocupação média de 75%”, observa.

O hotel tem ao todo 174 apartamentos e tem diárias a partir de R$ 250, ainda mais com café da manhã incluído. Mas também oferece a opção de day use de três, seis e oito horas para maior comodidade.

“Nosso principal perfil de cliente é o corporativo, de empresas da região ou mesmo de clientes que estão de passagem para Belo Horizonte, que optam por ficar o dia anterior ao embarque no hotel, achando um espaço para recuperar as energias antes da viagem ou, até mesmo, passar algumas horas apenas para descansar ao invés de aguardar horas no aeroporto”, conta o executivo.

VIAGENS CORPORATIVAS
  • Crescimento em agosto de 2023:

-Veículos: 104%

-Hotéis: 34%

-Serviços Aéreos: 16,5%

*Em relação à agosto de 2019.

  • Acumulado entre janeiro e agosto de 2023

-Rodoviário: + 188%

-Locação de veículo: + 40%

-Hotéis: +4%

*Em relação ao mesmo período de 2019.

Fonte: Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp)

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