Money Week: Maurício Levi alerta sobre as ameaças constantes no investimento 

Mauricio Levi é sócio-fundador e é responsável pela gestão de fundos e pela análise política e macroeconômica da FAMA Investimentos. Possui diversos artigos publicados nos principais veículos de comunicação como O Estado de São Paulo e Valor Econômico. Seu trabalho é desconstruir teses de investimento, o que ele crê ser um exercício importante para quem deseja aportar parte do seu patrimônio em renda variável. Levi foi entrevistado no terceiro dia da Money Week, rodada de entrevistas voltada a investidores promovida pela Transformação Digital e pela EuQueroInvestir!, que acontece de 25 a 29 de novembro. 

Análise de ameaças

Maurício Levi acredita que “a análise das ameaças tem que ser constante. Não se pode comprar uma ação e achar que é para o resto da vida. Nada na vida é para sempre. Mas principalmente hoje em dia. As coisas hoje mudam muito rápido. Esse risco de mudanças é um risco que não se quer correr. A gente busca se antecipar, sempre procurando onde estou errado, onde essa tese de investimento está errada”.

Não se pode ficar cego aos riscos ou “pode ser tarde demais”, segundo Maurício, “com prejuízos de empresas que não voltam nunca mais”. “Um bom exemplo”, segue, “é olhar as principais empresas em Bolsa quando a gente começou: tinha Varig, a Souza Cruz… onde elas estão hoje? Uma fechou, outra está com capital fechado, porque a questão do cigarro é vista de uma forma diferente que era vista lá atrás… Tem inúmeros exemplos como esses que você pode levantar, de empresas que eram dominantes em seu mercado e sucumbiram em algum momento”.

As empresas mudam, a economia muda, a sociedade muda. O tempo passa e não pode-se esperar que tudo fique como era antes. As ameaças, portanto, são constantes.

Aplicativos e locadora

Maurício conta o caso da Uber e da Localiza. Quando os aplicativos de transporte individual surgiram, o mercado olhou para as locadoras com uma enorme preocupação. Quem alugaria um carro se poderia andar com carro de aplicativo?

Pois dessa ameaça surgiu “uma avenida de oportunidade”, segundo ele. A Localiza fez um acordo com a Uber de oferecer carros exclusivamente para motoristas do aplicativo. O motorista não precisava mais aportar um grande capital na compra de um veículo e poderia começar a trabalhar imediatamente, já com seguro e manutenção incluídos. Virou a principal fornecedora. O que era risco virou negócio.

Mudanças constantes

“Você tem situações onde o concorrente (da empresa onde você investiu) é capitalizado; ou onde surge uma tecnologia nova que passa a ameaçar a essência daquele negócio; ou quando há uma mudança de tendência de comportamento das pessoas”, alerta Maurício. “Durante muito tempo, a ideia era de acumular patrimônio, de ter as coisas. Hoje, tem muito mais a tese de usar, de ter o benefício da propriedade, sem necessariamente ser dono. É uma mudança geracional”, completa.

É mais uma vez um alerta para que o investidor saiba ler os caminhos da sociedade e da economia, uma ciência humana. É uma análise que requer muita disciplina e atenção recorrentes.

“Os riscos para as empresas estabelecidas também é maior (hoje em dia), elas precisam se defender”, ele diz. O importante é não só o investidor estar atento, mas ele perceber se a empresa, da mesma forma, está percebendo seu entorno, com riscos e ameaças.

O cenário econômico virou do avesso e o país já não é mais o mesmo.

As taxas de juros caíram à níveis jamais vistos no Brasil desde o final do governo Militar (imagem abaixo) e levaram os rendimentos de Renda Fixa para próximo de Zero (ou negativos no caso da poupança).

A nova equipe econômica está incentivando novos investimentos no país, e com isso já não é mais possível ganhar dinheiro confortavelmente na poupança e em CDBs comuns. Por isso, estamos declarando a Extinção do Investidor Conservador.

 

Fonte: Eu Quero Investir
Autor: Fernando Augusto Graça Monteiro Lopes

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